15/09/2013 08h30 - Atualizado em 15/09/2013 08h30

Plantação de milho perde espaço para soja entre produtores do Paraná

Secretaria de Agricultura estima redução de 18% na safra de milho em 2013.
Preço não satisfatório e alto custo de produção motivam queda.

Do Globo Rural

Os produtores vão iniciar nos próximos dias o plantio da safra de verão e tudo indica que, no Paraná, o milho vai perder espaço para a soja. O último relatório da Secretaria de Agricultura diz que a safra de verão do milho no estado vai perder 165 mil hectares este ano, queda de 18%.

O agricultor Eudes Capelleto espera mais uma chuva boa para terminar o plantio do milho em sua propriedade em Cascavel, no oeste do Paraná. O trabalho começou há uma semana e ele escolheu sementes de alta qualidade pra fazer o cultivo. “A expectativa é que a gente consiga em torno de 12 mil quilos por hectare, mas para isso é preciso da ajuda do clima”, estima.

Nesta safra de verão, o produtor vai plantar 24 hectares de milho, metade do que foi cultivado no ano passado. Segundo Eudes, são dois os motivos: o preço que não está satisfatório e o alto custo de produção. “A semente de milho não alterou de preço por enquanto, mas os outros insumos, como adubos, nitrogenados de cobertura, herbicidas e fungicidas, já aumentaram de preço por causa do dólar”, afirma o agricultor.

Com essa situação, quem ganha espaço no campo é a soja. A quebra na safra norte-americana de grãos no ano passado e a redução na produção de soja na América do Sul mantêm as cotações do grão em patamares elevados, em torno de R$ 65 a saca de 60 quilos.

“Neste momento, é extremamente favorável a questão da soja. Muitos produtores que fizeram reserva de semente de milho já estão desistindo, por conta dos preços praticados atualmente, em torno de R$ 63 a saca de soja e de R$ 17,50 a do milho. É uma questão de imediato, vai se fazer a opção pela cultura de soja, até porque tem uma melhor liquidez”, explica Jovir Esser, economista do Departamento de Economia Rural (Deral).

O produtor Jurandir Lamb já está pronto para iniciar os trabalhos na roça. Em 2012, ele cultivou 100 hectares de soja. Este ano, vai plantar 155 hectares. “Todo produtor planta querendo colher o máximo que a planta produz e vender a um preço bom, ainda mais com a expectativa que tem agora de ter um preço melhor”.

Na última quinta-feira (12), o departamento de agricultura dos Estados Unidos divulgou mais um relatório sobre a safra de soja e milho deste ano. A estimativa indica uma colheita de soja em torno de 85 milhões e 700 mil toneladas. Embora essa previsão seja 4% maior do que a do ano passado, ela indica um número que é 3% abaixo da estimativa feita em agosto.

O analista Camilo Motter comenta os novos números: “Isto acaba tendo uma aplicação nos estoques finais americanos, que vão continuar apertados para o próximo ano, embora com melhor produção no Brasil e Argentina no ano passado e agora projeção de plantio recorde este ano, nós deveremos ter uma reposição maior dos estoques mundiais. Nós estamos vivendo uma certa folga nos estoques mundiais, porém continua um grande aperto nos estoques norte-americanos”.

Depois da divulgação do relatório, a Bolsa de Chicago registrou valorização da soja: 1%, no acumulado da semana.

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