19/04/2013 07h45 - Atualizado em 19/04/2013 08h23

Em MS, índios das tribos guaranis lutam para preservar as tradições

Aos poucos, as antigas tradições vão sendo esquecidas.
Mais velhos têm o desafio de preservar e repassar os costumes.

Do Globo Rural

Três mil e seiscentos hectares e uma população de cerca de 14 mil indígenas. A reserva de Dourados formada pelas aldeias jaguapiru e bororó tem mais habitantes que muitos municípios de Mato Grosso do Sul.

O local ainda tem muita área verde, mas o cenário rural, aos poucos foi se transformando. Casas, comércio, escolas e moradores estão cada vez mais adaptados ao estilo urbano.

Wilson Matos, filho de índios terena e guarani, trabalhou na roça até os 13 anos de idade, mas sempre gostou dos livros. Aos 38 anos entrou para a faculdade de Direto, se formou, fez pós-graduação e hoje é presidente da Comissão Indígena da OAB de Dourados. “Os jovens de hoje trocaram os valores, eles não querem mais seguir os costumes, eles querem colocar brinco, piercing, coisas que eles nem sabem a origem”, diz.

Forças para manter a tradição não faltam à Acácio Souza. O índio guarani nunca saiu da aldeia jaguapiru, em Dourados. No quintal de casa tem plantação de mandioca, feijão de corda e muitas frutas. Aos 60 anos, ele diz que tem orgulho de ser índio e nem pensa em sair de lá. Já os filhos, não pensam em continuar o caminho trilhado pelo pai.

Isaac Souza, também da etnia guarani, leva uma vida bem diferente do vizinho. O indígena estudou, formou-se em teologia e é professor na escola tengatuí, a maior da aldeia. Atualmente é coordenador da Educação Indígena da Secretaria Municipal de Educação e acredita que a escola tem um papel importante na formação cultural dos índios, mas para ele, o ensino deve começar em casa. Aos sete meses, a filha Thaeme já aprende o guarani.

As ocas são uma das principais referências da cultura indígena e eram onde os índios viviam antigamente. Hoje em dia elas quase não são vistas na aldeia de Dourados, uma delas é mantida apenas como símbolo.

A oca fica na área onde mora a família do cacique Gerson Valério, que faz questão de se caracterizar com acessórios típicos como o cocar e o colar. Na semana em que se comemora o Dia do Índio, ele reúne as crianças da aldeia para ensinar um dos mais importantes rituais indígenas: a pintura do corpo.

Em homenagem aos antepassados, os pequenos aprendem a dançar e conhecem a armas indígenas como a taquara. Orgulhosos, eles fazem tudo como manda a tradição e comemoram por pertencerem a uma comunidade com tantas riquezas.

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