Economia

Com alta da Selic, poupança volta a render mais, mas perde de fundo DI

Para especialistas, caderneta é indicada para valores menores ou investimentos de curto prazo

RIO - Com o aumento dos juros básicos da economia, a Selic, para 9% ao ano, a caderneta de poupança volta a ter, a partir de hoje, uma única remuneração: de 0,5% ao mês, mais a Taxa Referencial (TR). Com a mudança, uma fortuna de R$ 237 bilhões (equivalentes a 45% dos recursos totais na caderneta) passa a render de acordo com a antiga norma, segundo o Banco Central. Este montante se refere às aplicações de milhões de brasileiros feitas a partir de 4 de maio de 2012, quando entrou em vigor uma regra que determina que o rendimento da poupança fica em 70% da Selic mais a TR sempre que os juros estiverem iguais ou menores do que 8,5% ao ano. O objetivo do governo, na época, era permitir a queda dos juros sem provocar uma fuga de cotistas de fundos de investimento para a caderneta.

Mesmo rendendo mais a partir de agora, passando de 5,88% para 6,17% ao ano, a poupança perdeu brilho em comparação a outras aplicações conservadoras, que acompanham mais de perto a elevação da Selic. É o caso dos Certificados de Depósito Bancário (CDBs), muito oferecidos nas agências bancárias, que passam a render 6,32%. Isso vale para CDBs que remunerem 85% do CDI (Certificado de Depósito Interbancário). Outro investimento que fica mais atraente é o fundo DI (pós-fixado), que passa render 6,27% ao ano. Neste caso, o retorno líquido vale para gestoras que cobram 1,5% ao ano de taxa de administração.

Samy Dana, professor da FGV, explica que a conta considera a aplicação mantida por dois anos. Isso é importante para que o Imposto de Renda (IR) seja o menor possível, de 15% sobre o ganho da aplicação. Se o prazo do investimento for menor, de um ano, por exemplo, o investidor será tributado por uma alíquota de 17%. Neste caso, a poupança torna-se mais interessante que os CDBs, que renderiam 6,10%.

— Como a poupança tem isenção de Imposto de Renda, ela é vantajosa apenas para quem vai aplicar por um período curto ou tem pouco dinheiro para investir. Em outras aplicações, para valer a pena, o ideal é ficar dois anos e pagar menos IR — diz Dana.

Especialista sugere Tesouro Direto

A mesma lógica vale para os investimentos em fundos DI. Além do IR, quanto maior o valor aplicado, menor será a taxa de administração. Quem tem disponíveis de R$ 10 mil a R$ 20 mil consegue encontrar no mercado, em média, um fundo com taxa de administração menor do que 1,6%, suficiente para render mais do que a poupança ao longo de dois anos de investimento.

O educador financeiro Mauro Calil diz que a tendência é a poupança ficar cada vez menos atraente, já que os juros vão continuar subindo. Na média do Boletim Focus, do BC, a Selic deve encerrar o ano em 9,5%. Calil sugere investir em títulos pós-fixados no Tesouro Direto, que passam a render mais. Investir nesses títulos tem a vantagem de não ter taxa de administração.

— Isso não quer dizer que nunca se deva aplicar na caderneta de poupança. Para quem tem pouco dinheiro, ainda pode ser uma boa — avalia.