Economia

Lucro do Banco do Brasil no semestre é o maior da história dos bancos

Ganhos foram de R$ 10 bilhões. No segundo trimestre, resultado ficou em R$ 7,47 bilhões

SÃO PAULO - O Banco do Brasil teve lucro líquido recorde de R$ 7,47 bilhões no segundo trimestre, cerca de duas vezes e meia acima do resultado positivo obtido um ano antes (cerca de R$ 3 bilhões), impulsionado pela venda bilionária de ações de sua área de previdência, seguros e capitalização, BB Seguridade. No semestre, a instituição lucrou R$ 10,029 bilhões,  o maior da história entre os bancos brasileiros de capital aberto.

A emissão primária da BB seguridade rendeu ao banco R$ 9,8 bilhões no segundo trimestre. O banco ainda anunciou dividendos de R$ 2,177 bilhões, ou cerca de R$ 0,7769 por ação, relativos ao segundo trimestre, que serão pagos em 30 de agosto.

Excluindo efeitos não recorrentes que incluíram o IPO da BB Seguridade, o lucro líquido ajustado do maior banco da América Latina foi de R$ 2,63 bilhões, queda de 11,8% sobre o ganho do segundo trimestre de 2012, mas em linha com as previsões dos analistas consultados.

Apesar de números fortes no crédito e baixa inadimplência, o banco teve menor margem financeira líquida no período. O indicador caiu 5,8% ante o ano anterior, para R$ 7,47 bilhões. Outro dado negativo foi o resultado de tesouraria, que caiu 16,2% ante o mesmo trimestre do ano passado, para R$ 2,45 bilhões.

As despesas com provisões para calotes cresceram 14,8% na comparação com o mesmo período de 2012, para R$ 4,22 bilhões Segundo o banco, as provisões aumentaram devido ao aumento da carteira de crédito e do maior montante de recuperação de perdas no segundo trimestre.

O retorno sobre patrimônio líquido (ROE) ajustado – sem considerar efeitos extraordinários no lucro – foi de 16,4%, recuo ante o índice de 21,2% um ano antes.

— Estes resultados vêm coroar a estratégia traçada há cinco anos pelo banco, que incluiu a reorganização da sua área de seguridade e atuar com ações contracíclicas no segmento de crédito, que nos deu grandes oportunidades de expandir nossas operações enquanto este mercado recua, ssempre com operações extremamente saudáveis e que têm proporcionado ao banco os resultados dos últimos anos — afirmou Aldemir Bendini, presidente do BB.

Ele ironizou os prognóssticos de analistas que reiteradamente vinham afirmando que a instituição teria problema com a qualidade de sua carteira.

— Se projetássemos o banco pela previsão dos analistas, já teríamos quebrado. Desde que adotamos a estratégia agressiva, já passamos por quatro safras de carteiras de crédito e não se cumpriram os prognósticos do mercado de deterioração de denhuma dela.

Expansão das operações de crédito

Mantendo tendência iniciada em meados de 2012, o banco expandiu suas operações de crédito no segundo trimestre. A carteira de crédito ampliada somou R$ 638,63 bilhões, alta de 25,7% ante mesmo período do ano anterior. Na comparação com os três primeiros meses de 2013, o avanço foi de 7,7%. Trata-se de uma taxa de expansão  muito superior à verificada em seus concorrentes privados (Itaú, Bradesco e Santander).

O banco fechou junho com ativos totais de R$ 1,214 trilhão, avanço de 15,5% em relação a um ano antes.

Na contramão do mercado: previsões de aumento de crédito

Enquanto os bancos privados têm cortado suas previsões de crescimento do crédito para o ano, o Banco do Brasil elevou a estimativa para sua carteira no país de 16% a 20%, para 17% a 21% em 2013.

A mudança foi motivada por melhores previsões no crédito pessoa jurídica e para o agronegócio. Para empresas, o crescimento previsto de 16% a 20% subiu para 18% a 22%; para o agronegócio, o indicador passou de 13% a 17% para 22% a 26%. No segmento de pessoa física, o avanço do crédito deve ser abaixo do esperado anteriormente, e a previsão passou de 18% a 22% para 16 a 20%.

A margem financeira bruta deve ficar em 4% a 7% neste ano, abaixo da estimativa anterior de 7% a 10%. As despesas com provisões para calotes sobre a carteira devem ficar entre 2,7% e 3,1%, abaixo da previsão anterior de 3% a 3,4%. Já os gastos administrativos devem crescer 5% a 8%, abaixo da faixa inicialmente esperada, de 7% a 10%.

Menor inadimplência

O Banco do Brasil registrou ainda o menor índice de inadimplência em suas operações dos úlimos 11 anos, no final de junho. Os empréstimos com atraso superior a 90 dias representavam 1,87% da carteira, abaixo dos 2,05% de dezembro de 2012.

Já o Banco Votorantim, no qual o BB tem 50% de controle, segue em processo de ajuste mas ainda está no prejuízo (no segundo trimestre, a perda líquida foi de R$ 193 milhões). A perspectiva, segundo Ivan Monteiro, diretor de RI do BB, é de que o Votorantim comece a dar resultados no azul já no último trimestre deste ano.

— Já são seis trimestres com resultados superiores e para o quarto trimestre já teremos resultado positivo — reitera Monteiro.