Economia

Presidente da OGX admite que recuperação judicial é ‘possibilidade’

Executivo diz que negociação com credores internacionais avança

RIO - O presidente da OGX Luiz Eduardo Carneiro afirmou nesta quinta-feira que a recuperação judicial da empresa "é uma possibilidade", mas que está trabalhando para que ela não aconteça. Disse ainda que é possível que Eike Batista deixe o controle da companhia, após concluído o processo de reestruturação.

— Não podemos descartar totalmente (a recuperação judicial), mas existem várias outras possibilidades — disse ele, após presidir assembleia extraordinária em que foram eleitos três novos conselheiros, no Rio.

Segundo Carneiro, a companhia trabalha com três opções para manter-se de pé: a injeção de até US$ 1 bilhão pelo acionista controlador, Eike Batista (a chamada "put"); os US$ 850 milhões que a petrolífera malaia Petronas se comprometeu a pagar por uma fatia de 40% em dois blocos exploratórios; e uma nova injeção de capital por parte de credores internacionais. A dívida internacional da OGX é de US$ 3,6 bilhões.

Esta última estaria indo "muito bem", mas Carneiro ressaltou que ainda está numa primeita etapa de negociação, sem dar detalhes de quanto a OGX está pedindo de capital novo aos credores. Quem está conduzindo as negociações com os credores internacionais por parte da OGX é a Blackstone. A Angra Partners também participa das conversas como assessora de Eike.

Novos membros do Conselho

As duas primeiras opções são apontadas como pouco prováveis pelo mercado, pois Eike já anunciou que vai recorrer à arbitragem para contestar o exercício da opção pela "put" feito pela diretoria da empresa. A Petronas também já disse que só vai liberar o dinheiro após finalizada a reestruturação da companhia.

— (Ao final da reestruturação) nós teremos uma empresa saudável, sem dívidas, capitalizada, com potencial enorme, com ativos de primeira linha, de primeira qualidade e aberta para poder fazer novas parcerias, conseguir novos ativos — disse à agência de notícias Bloomberg.

Na assembleia desta quinta-feita, foram eleitos Julio Alfredo Klein Junior, Luiz Eduardo Carneiro (que vai acumular o cargo de presidente da OGX e de membro do Conselho) e Pedro Borba. O primeiro será conselheiro independente, a despeito do candidato dos minoritários Willian Magalhães, que não conseguiu votos suficientes para se eleger. De acordo com Márcio Lobo, minoritário que estava presente na votação, a ideia, agora, é pedir a anulação da assembleia, pois Klein também foi eleito conselheiro da OSX (construção naval) na véspera.

— São empresas interdependentes. Não vemos como ele pode ter uma postura independente atuando no Conselho de ambas — disse Lobo.