Economia

Bovespa fecha em alta de 0,72% e acumula ganho de 4,27% na semana; dólar sobe a R$ 2,25

BC fez novo leilão de contratos de swap cambial tradicional, vendeu US$ 993 milhões, mas dólar não cedeu

SÃO PAULO - Num dia que começou com muita volatilidade no pregão da bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), o índice de referência (Ibovespa) encerrou a sessão no azul. O Ibovespa subiu 0,72% aos 49.422 pontos e volume negociado de R$ 5,0 bilhões, abaixo da média diária do mês passado, que é de R$ 8 bilhões. Na semana, o Ibovespa teve valorização de 4,27% e está foi a terceira semana consecutiva que o índice encerra com ganhos, o que não acontecia desde dezembro do ano passado. O destaque de alta ficou para os papéis da Usiminas, que subiram mais de 15%, ajudando a sustentar a alta da Bolsa. No mercado de câmbio, o Banco Central fez um novo leilão de contratos de swap cambial tradicional, operação que equivale à venda de dólares no mercado futuro, o dólar encerrou em alta frente ao real. A moeda americana fechou com alta de 0,75% sendo negociado a R$ 2,254 na compra e R$ 2,256 na venda. Na máxima do dia, a divisa chegou a R$ 2,258 e na mínima bateu em R$ 2,242. Na semana, a moeda americana subiu 0,71% e no ano acumula alta de 10,43%.

- O Ibovespa teve um dia volátil, mas melhorou na reta final com a recuperação das blue chips e a forte alta da Usiminas, que apresentou um balanço que surpreendeu o mercado. Os papéis da CSN também subiram no rastro da Usiminas. Com a aproximação do fim do mês, os investidores compram os papéis e a alta se reflete no desempenho das carteiras dos fundos de investimento - explica Ari Santos, gerente de operações da mesa Bovespa, da H. Commcor DTVM.

As blue chips, ações mais negociadas do pregão, passaram a maior parte do dia em queda, mas inverteram o sinal no fim do dia e fecharam em alta. Vale PNA subiu 0,37% a R$ 29,25; Petrobras PN avançou 0,65% a R$ 16,95; OGX Petróleo ON teve alta de 7,14% a R$ 0,60, também ajudando na alta do Ibovespa; Itaú Unibanco PN terminou estável a R$ 29,00 e Bradesco PN caiu 1,87% a R$ 28,29.

As maiores altas foram apresentadas pelos papéis da Usiminas. A companhia reportou prejuízo líquido de R$ 22 milhões no balanço do segundo trimestre, frente aos R$ 87 milhões registrados no mesmo período do ano passado. A redução do prejuízo foi de 74,7% em relação a 2012, o que surpreendeu o mercado.

Em relatório assinado pelos analistas William castro e Gustavo Carrizo, a XP Investimentos classificou como bons os números da Usiminas. Segundo eles, as vendas cresceram 16% no mercado interno que passou a representar 92% das vendas da companhia. Segundo os analistas, a alta do dólar teve impacto de R$ 185 milhões na dívida em moeda estrangeira da companhia. A dívida líquida, entretanto, foi reduzida em 9% no segundo trimestre.

Para os analistas da XP Investimentos, o maior foco no mercado interno, a melhora no mix de vendas, as menores despesas com vendas e o câmbio foram os responsáveis pelo bom resultado da siderúrgica. A empresa também teve ganho de eficiência e custos controlados, mesmo com o impacto da valorização do dólar.

“Estamos retomando a competitividade, buscando uma performance operacional mais eficiente e, a cada período, estamos conseguindo avançar gradativamente, embora com uma receita estável, vamos começar a trazer resultados melhores”, afirmou Julián Eguren, presidente da companhia, em teleconferência com analistas e investidores, nesta sexta-feira.

Os papéis PNA da Usiminas tiveram a maior alta do pregão, com valorização de 15,24% a R$ 9,00, seguidos pelos papéis ON da siderúrgica, com ganho de 13,30% a R$ 9,03.

As ações ON da Siderúrgica Nacional avançaram 8,59% a R$ 6,95, a terceira maior alta do pregão, puxados pelos bons resultados da Usiminas e diante de notícias de que a aquisição da Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA) pela empresa não deve se concretizar, assim como a compra de uma laminadora americana pertencente à alemã ThyssenKrupp. O motivo seria o preço desses ativos.

A maior queda do índice foi presentada pelas ações ON da Embraer, que reportou uma perda de R$ 9,9 milhões, no segundo trimestre, atribuída à valorização do dólar frente ao real. Sem esse efeito, a empresa informou que teria obtido lucro de R$ 192 milhões. No mesmo período do ano passado, a Embraer teve lucro de R$ 124 milhões. Os papéis da Embraer caíram 5,86% a R$ 19,77. E os papéis da Oi devolveram os ganhos dos últimos dias, após a empresa informar que não pagará R$ 1 bilhão de dividendos em agosto. As ações ON recuaram 2,29% a R$ 5,13 e os papéis PN perderam 2,03% a R$ 4,83.

No mercado futuro de juros, os contratos subiram seguindo a alta do dólar e com a expectativa da reunião do Federal Reserve na próxima semana. O contrato de DI para janeiro de 2017 teve taxa de 10,52% frente aos 10,46% de ontem. O contrato de DI para janeiro de 2015 teve taxa de 9,40% ante 9,34% de ontem e o papel com vencimento em janeiro de 2014 encerrou com taxa de 8,80% frente aos 8,76% na véspera.

BC havia anunciado leilão na quinta

O BC havia anunciado a intervenção no câmbio ontem, quando também fez um leilão semelhante. Mesmo assim, a moeda americana já abriu o dia em alta, com os investidores fugindo de aplicações de maior risco no exterior. Desde a semana passada, o BC vem rolando contratos de swap cambial que venceriam em 1º de agosto, mas a divisa americana mantém o ritmo de valorização frente ao real. Com o leilão de hoje, o BC conseguiu rolar todo o lote de US$ 5,715 bilhões em swaps tradicionais que venceriam no início de agosto, totalizando US$ 745,2 milhões. Além disso, o BC vendeu US$ 248,3 milhões em novos papéis. No total, no leilão de hoje foram vendidos US$ 993,5 milhões em contratos.

- Hoje, mesmo com o leilão, o dólar acompanhou a alta da moeda no exterior, frente a divisas de países emergentes - diz um operador de cãmbio de São Paulo.

De acordo com analistas, o mercado já começa a trabalhar na expectativa da reunião do Federal Reserve (o banco central americano) na semana que vem. Também acontece a reunião do Banco Central Europeu (BCE) para decidir sobre a taxa de juro na zona do euro. A possibilidade de o Fed reduzir o estímulo nos EUA, que todo mês injeta US$ 85 bilhões na economia através da compra de títulos, deixou os investidores nervosos nas últimas semanas. O resultado foi uma alta global do dólar. Mas o Fed vem emitindo sinais de que não retirará os estímulos enquanto o desemprego não ceder abaixo de 7% e a economia não apresentar vigor. A percepção é que o Fed não deverá mudar seu programa de estímulo na reunião da próxima semana.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou hoje que espera que o Fed mantenha o ritmo de compras de títulos ao longo deste ano, começando a reduzir os estímulos monetários no início do ano que vem.

Nos EUA, os principais índices acionários inverteram o sinal na reta final do pregão e terminaram praticamente estáveis. O S&P 500 subiu 0,08%; o Dow Jones teve alta de 0,02% e o Nasdaq ganhou 0,22%. A confiança do consumidor dos Estados Unidos, medida pela pesquisa da Thomson Reuters com a Universidade de Michigan subiu para 85,1 em julho, ante 84,1 em junho. É o maior nível desde julho de 2007 e também uma melhora ante a leitura inicial de julho de 83,9.

"Esse alto nível de confiança aponta para uma expansão contínua dos gastos do consumidor no ano à frente", disse em comunicado o diretor da pesquisa, Richard Curtin.