18/06/2013 10h15 - Atualizado em 18/06/2013 10h58

Diferentes gerações relatam sua 1ª vez em um protesto em SP

Engenheiro de 61 anos foi convencido pelo filho e esteve em manifestação.
Eduardo Pavanel, de 18 anos, levou 'kit' defesa para o primeiro protesto.

Lívia Machado e Darlan AlvarengaDo G1 São Paulo

O quinto protesto contra o aumento da tarifa nos transportes atraiu um número expressivo de novos adeptos nesta segunda-feira (17) em São Paulo. Diferentes perfis se uniram em caminhada que começou pela Avenida Faria Lima e tomou outras vias importantes da capital paulista. Para o protesto, os ativistas de primeira passeata levaram “kits” de proteção contra uma possível ação da Polícia Militar – água, vinagre, roupa grossa e máscaras -, bandeiras do Brasil, cartazes e, principalmente, a voz.

Por outras bandeiras de luta
O advogado Rafael Yahn Ferreira afirma que foi até o protesto para "legitimar" a busca do cidadão por seus interesses e "fiscalizar a ação policial". Ele disse ao início do protesto que as bandeiras levadas à manifestação poderiam ter "legendes melhores".  "Fala-de de corrupção, mas só se fala de preço de passagens", afirmou. 


Kit defesa - Flores, vinagre e roupa grossa
Eduardo Pavanel, 18 anos, disse que ele e seus amigos vieram com o "kit" defesa para o primeiro protesto. Com um buquê de flores nas mãos, ele pretendia entregar aos policiais se fosse preciso. "Trouxemos vinagre dissolvido com água, bastante água (para beber), lanche e roupa grossa." Pavanel revela que decidiu aderir porque se revoltou com a atuação da Polícia Militar na última quinta-feira (13).


Figurino verde e amarelo
A coordenadora de eventos Mércia Teixeira, de 58 anos, acompanhou as demais manifestações à distância por conta da rotina da agenda de trabalho. Nesta segunda, porém, pôde se juntar ao quinto protesto. Na falta de uma bandeira para levar ao seu primeiro protesto, ela optou por se vestir com as cores do país.

Mércia tentou encontrar amigos no Largo da Batata, mas não se intimidou em seguir sozinha na multidão. “Foi a gota d’água. Pela reação do governo, por tudo que o governo está fazendo há anos, não respeitando o povo brasileiro. Eu não precisava estar aqui porque eu não ando de ônibus. Mas eu estou pelos meus irmãos que andam."


 Os novos caras pintadas
Com o rosto pintado de amarelo e verde, um grupo de estudantes vibrava em participar pela primeira vez do ato. “É muito mais do que só os 20 centavos. Estamos para lutar contra um país melhor, contra a corrupção. E a questão é cobrar R$ 3,20 por transporte que é um lixo, onde as pessoas andam em condições subumanas. Viemos porque falaram que nesse não teria Tropa de Choque, bala de borracha", diz Arthur Chahda, 21 anos.


Brasilna pechincha
Cinco amigos se reuniram para participar do quinto protesto contra o aumento da tarifa na tarde desta segunda. Para eles, após a última quinta, a causa se tornou maior. Antes de se juntarem à multidão no Largo da Batata, pararam pra comprar uma bandeira do Brasil. A aquisição, segundo eles, já estava nos planos - só esperavam gastar menos pelo objeto. O universitário Felipe Bezerra, 18 anos, queria que o vendedor ambulante não cobrasse.

“Tentei pegar de graça, ele queria R$ 15, eu ofereci R$ 10 e ele topou”, explica. Ele revela que só pôde participar deste quinto ato porque estava em época de provas na faculdade. “Aderi só agora porque estava em época de prova. Estamos para lutar de uma maneira violenta, mas em paz", diz Felipe Bezerra, universitário.

"Não ando de ônibus, mas também não concordo com o aumento. Se tornou muito mais ampla, e é um absurdo. A minha vida não vai mudar nada com os 20 centavos. Mas eu me importo com os outros”, afirma a estilista Iohana, amiga de Bezerra.


Rosas na primeira manifestação
O artista plástico Gustavo de Souza Bandeira, de 23 anos, caminhava pela Avenida Paulista na noite desta segunda-feira (17) carregando rosas com os braços erguidos e vestindo uma jaqueta com a inscrição "Eu amo São Paulo". "Esta é a primeira manifestação que participo na minha vida. Senti a necessidade de estar junto de todos. E trago esta rosa como sinal do amor incondicional, sem clichês, a ser incluído tanto nos policiais no seu ofício, como nos cidadãos nos seus deveres", afirmou.


Pai e filho
O engenheiro Renato Souza, de 61 anos, foi convencido pelo filho, o administrador André Souza, de 25 anos, a participar do protesto, desde a concentração no Largo da Batata. Ele contou que pegou a toalha branca do banheiro do trabalho para usar como "bandeira da paz". "Temos que apoiar os filhos. Não é justo ficar só assistindo. Temos que ir à rua. O que me motivou a vir foi a repressão policial. Fiquei perplexo com o que vi pela TV e agora estou junto. Vou passar a ir em todos a partir de  agora, porque o movimento é ordeiro, e a reivindicação é justa", contou.


Cartaz de LED
O artista plástico Júnior Costa Carvalho, de 28 anos, chamava a atenção na Avenida Paulista com um cartaz luminoso feito com luzes de LED. A placa luminosa com o desenho de São Paulo era abastecida por uma bateria que o manifestante carregava na mochila. "Em São Paulo ainda há esperança, ainda existe luz aqui . É para contribuir e mostrar que essa manifestação é pacífica e algo bonito", disse.

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