28/07/2013 08h15 - Atualizado em 28/07/2013 08h15

Artesão usa processo artesanal para fazer a curtição do couro em MS

Gilberto Araújo faz o trabalho na oficina da casa em Campo Grande, MS.
Couro curtido serve para fazer peças usadas em montaria.

Do Globo Rural

O artesão Gilberto Araújo, através de um processo longo e trabalhoso, faz a curtição artesanal do couro de boi na propriedade em Mato Grosso do Sul. O couro curtido é usado na confecção de arreios, estrivos, cabeçadas e outras peças usadas em montaria.

O artesão, que lida com couro desde garoto, aprendeu o ofício quando trabalhava em fazendas de gado. “Com a necessidade do trabalho, tive que aprender. Virou profissão quando eu tive um problema de saúde, tive que fazer tratamento. Aí, optei pela profissão de artesão do couro”, diz.

Hoje, Araújo vive em uma casa de um bairro na periferia de Campo Grande, onde também funciona a oficina. As mãos habilidosas do artesão confeccionam arreios, estrivos, cabeçadas e outras peças usadas em montaria. Os produtos são feitos com couro curtido em um processo longo e trabalhoso.

O primeiro passo é colocar o couro cru de molho na água. No dia seguinte, o couro é esticado em um quadro de madeira. Para prender, o artesão fura as laterais da peça e vai amarrando com corda. Depois, tem que puxar para esticar bem a peça. Se o couro for de zebu, terá um papo no lugar onde ficava o cupim. É preciso cortar o pedaço do papo e juntar as duas partes.

Depois que o couro ficar esticado, ele retira a gordura, a pele e toda sujeira da peça. A limpeza é feita com uma faca bem afiada. O serviço, que requer muito cuidado, é demorado, mas funciona. As correias são cortadas e as tiras ficam de molho na água por 24 horas para tirar o pelo. O artesão coloca uma proteção nos dedos para evitar cortes.

Com a correia pendurada, Araújo usa uma faca para cortar a camada de pelos. Habilidade é essencial para executar essa tarefa. Em pouco tempo, o couro fica lisinho, sem pelo algum. Então, o artesão vira a correia do outro lado e corta também o que sobrou de pele e gordura. A peça está pronta para o curtimento.

O artesão faz um curtimento artesanal, usando casca de angico, uma árvore nativa do Brasil encontrada no cerrado e na caatinga. A casca da planta é rica em tanino, componente responsável por tingir o couro e deixá-lo bem curtido. Para isso, a casca é quebrada ou triturada e misturada com água.

As correias ficarão de molho no angico por uma semana. É preciso mexer algumas vezes para o couro não ficar manchado. Depois de uma semana, o couro fica tingido e bem vermelho. Então, a peça seca na sombra, para não ressecar, e é sovada, etapa necessária para deixar o couro macio.

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