30/07/2013 12h16 - Atualizado em 30/07/2013 12h58

Brasil ainda é um país muito egoísta, diz ministro do Trabalho

Manoel Dias participou de comemoração dos 22 anos de Lei de Cotas.
Evento aconteceu em São Paulo, nesta terça-feira (30).

Fabíola GleniaDo G1, em São Paulo

Ministro do Trabalho, Manoel Dias, participa de evento em comemoração aos 22 anos da Lei de Cotas (Foto: Fabíola Glenia/G1)Ministro do Trabalho, Manoel Dias, participa de
evento na Fiesp, em SP (Foto: Fabíola Glenia/G1)

O ministro do Trabalho, Manoel Dias, disse em evento em São Paulo, nesta terça-feira (30), que o Brasil “ainda é muito egoísta”. “Somos todos muito conservadores, resistimos a qualquer mudança, temos resistência à inovação, à tecnologia. Mas é fundamental que a gente faça esta mudança”, comentou.

O ministro falava em evento que celebra a inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho.

Ao ouvir de um jornalista que alguns especialistas criticam a lei de cotas, o ministro disse que ela seria desnecessária se o país tivesse cumprido seu dever. “Lei de cotas não precisaria nenhuma se nós tivéssemos cumprido nosso dever. Mas nós somos um país que, durante muito tempo, foi um país egoísta, uma elite que só pensou em si e que esqueceu que nós somos todos iguais e o Brasil é de todos nós. Agora para recuperar o tempo, temos que criar cotas.”

Manoel Dias comentou que esteve, na semana passada, na reunião do G20, e todos os temas de trabalho foram a respeito de trabalho, sendo um deles focado especificamente em trabalho decente. “A nação só será um país igual, justo, democrático o dia que praticar o trabalho decente, e não ser apenas um discurso de categorias, do ministério, mas ser um discurso de Estado”, disse.

O ministro refutou dados da Fiesp que indicam que 2013 deve terminar com 1% negativo na geração de empregos. “Estão mal informados. Nós geramos, no decorrer deste ano, em média, 130 mil novos empregos e, mais importante do que a geração de todos esses milhares de empregos foi o aumento real do salário inicial”, comentou.

As empresas querem o cego que enxerga, o surdo que escuta, cadeirante que anda"
Wanderley Marques de Assis

Ele repetiu um discurso recorrente do governo, o de que o Brasil é o único país do mundo que está gerando emprego “com tranquilidade”. “Os demais estão vivendo uma crise sem precedentes.”

Para Dias, o fato de o número de empregos estar crescendo a um ritmo menor que há quatro ou cinco anos é natural, já que, naquela ocasião, a economia do país crescia em torno de 7%. “Também proporcionalmente o emprego era gerado nesta proporção. Como hoje a previsão é de 3% de crescimento, claro, vamos reduzir. Até porque, se mantivéssemos aquele nível, não teríamos mais trabalhador para empregar.”

Para ele, tanto o nível de geração de empregos quanto o índice de desemprego estão atualmente em um patamar “tranquilo”.

Manifestações populares
Durante seu discurso, ele aproveitou para comentar os recentes protestos populares que tomaram conta do país, em junho.

“A presidente nos reuniu e, diante da surpresa que a todos causou o povo na rua, ela determinou que nós fôssemos para a rua também. Ela disse que os ministros têm que ir para a rua aprender com o povo, ouvir o povo, para que as reivindicações deste povo seja ouvida com a entrega das obras”, comentou.

Manoel Dias participou de evento na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na capital paulista, nesta terça-feira (30), em comemoração aos 22 anos da Lei de Cotas, de inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho.

O evento reuniu representantes do governo, das empresas e de pessoas com deficiência. Vários dos participantes que discursaram elogiaram o fato de esta ser a primeira vez, em 11 anos de comemoração, que um ministro do Trabalho participa do evento.

Flávio Henrique de Souza, que discursou representando os trabalhadores com deficiência, disse que estes profissionais não querem sem lembrados só uma vez ao ano, porque eles precisam sobreviver o ano inteiro.

“As pessoas com deficiência também são consumidoras, mas ela só vai consumir se tiver oportunidade no mercado de trabalho. Ninguém está pedindo assistencialismo”, disse.

Para Wanderley Marques de Assis, presidente do Conselho Estadual para Assuntos da Pessoa com Deficiência de São Paulo, embora haja motivos para se comemorar, a situação ainda está muito longe do ideal.

Para ele, as pessoas com deficiências mais severas ainda são discriminadas. “Sim, a palavra é essa, discriminadas, segregadas e separadas, porque são escolhidos todas aquelas pessoas que têm uma deficiência não tão parente. Ou seja, as empresas querem o cego que enxerga, o surdo que escuta, cadeirante que anda”, criticou.

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