Detentos da Penitenciária Estadual de Londrina (PEL), no norte do Paraná, vêm se beneficiando de uma lei estadual para reduzir a pena através da leitura. Cada livro lido diminui o tempo de reclusão em quatro dias, e, segundo a diretoria do presídio, tem auxiliado no processo de ressocialização dos presos.
O projeto começou em maio de 2012, após aprovação de um projeto de lei na Assembleia Legislativa do Paraná, e está disponível para todas as prisões do Departamento de Execução Penal (Depen) do estado. Para que a pena seja efetivamente reduzida, os detentos precisam tirar pelo menos nota seis em uma resenha do livro escolhido, em análise feita por professores de português.
Em Londrina, a professora Anísia de Oliveira é a responsável pelas avaliações. Ela conta com a ajuda de um estagiário para analisar os conteúdos produzidos a partir de uma biblioteca de 200 livros. “Os clássicos, relacionados à filosofia, sociologia. Alguns já solicitaram livro de autoajuda para fazer esse trabalho”, explica a professora.
A direção do presídio também vê o projeto de maneira positiva, já que é uma alternativa aos padrões regulares de cumprimento de pena. “Nós temos que entender que não tem cabimento de que a pena privativa de liberdade, por si só, ressocialize o cidadão apenas pela reclusão ou pela exclusão, pelo encarceramento. Então, por conta disso, a educação e essas ações assistenciais vêm de encontro ao objetivo de ressocialização do preso”, garante o diretor João Vitor Fujimoto.
Entre as outras medidas, também estão o trabalho interno e a possibilidade de realização de outros cursos à distância. O detento Álvaro Pessoa, que está na Penitenciária há um ano e sete meses aguardando julgamento pela acusação de homicídio, leu quatro livros desde janeiro de 2013. “Leio livro, faço cursinho da UEL, e também trabalho na manutenção aqui na PEL. Para mim é muito importante isso daí”, atesta.
Mesma opinião tem o detento Renato dos Santos, que será solto em cinco meses, após cumprir cinco anos de reclusão por tráfico de drogas e porte ilegal de arma. “Estou aprendendo coisas novas, podendo sair da realidade um pouco, do sofrimento que nós nos encontramos, e estamos sempre procurando aprender algo de bom”, concluiu.