03/09/2013 13h03 - Atualizado em 03/09/2013 18h42

Mudança de política monetária dos EUA causa turbulência, diz Coutinho

Momento atual é de 'incertezas', admite presidente do BNDES.
Luciano Coutinho participa de congresso de inovação em São Paulo.

Fabíola GleniaDo G1, em São Paulo

Coutinho participou de abertura de feira no Anhembi nesta segunda-feira (Foto: Gabriela Gasparin/G1)Coutinho em imagem de arquivo
(Foto: Gabriela Gasparin/G1)

Ao elogiar as iniciativas de inovação da indústria brasileira, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Luciano Coutinho, admitiu nesta terça-feira (3) que o momento atual é de “turbulência” e "incertezas".

“Claro que estamos vivendo um momento de incertezas, um momento de ajustes, de reprecificação de moedas, de reprecificação de papéis, de títulos, em função da perspectiva de mudança da política monetária americana. Esse processo, essa turbulência dos últimos meses, tem afetado o estado de confiança e tem produzido certa ansiedade”, disse, acrescentando que o país tem, hoje, "condições de administrar uma turbulência".

Coutinho se referia ao programa de estímulo monetário dos Estados Unidos, que vem injetando dólares no mercado para recompra de títulos – e que pode ser encerrado em meados do próximo ano, segundo o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano). Para ajudar a economia dos EUA a se recuperar, o Fed manteve a taxa de juros muito próxima de zero e passou a comprar US$ 85 bilhões em títulos hipotecários e dívida do Tesouro norte-americano todo mês. Isso fez com que o dólar se tornasse abundante e, portanto, barato.

Ele disse acreditar que quando a política monetária norte-americana “cumprir o seu ciclo, nós vamos estabilizar num patamar com taxa de câmbio muitíssimo mais competitiva”.

Com a melhora econômica dos EUA, os mercados vem sendo afetados pela possibilidade de o BC norte-americano reduzir os estímulos à economia, usados como forma de ajudar o país a sair da crise. A perspectiva de uma redução no estímulo monetário nos EUA, que hoje equivale a injeções mensais de US$ 85 bilhões em títulos da dívida dos EUA e papéis hipotecários, vem levando à venda de ativos emergentes e à valorização do dólar.

Coutinho espera que a estabilização do real a uma taxa mais competitiva ocorra em conjunto com “um ciclo de investimento em logísticas que iniciem uma revolução de redução de custos” no país.

"Essa combinação, junto com a formação de recursos humanos, junto com o trabalho continuado de qualificação, eu espero, possa descortinar numa perspectiva de sustentabilidade do processo de ganho de competitividade e ganho de produtividade para a economia brasileira", concluiu.

O presidente do BNDES participa do 5º Congresso Brasileiro de Inovação na Indústria, organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

Interesse por leilões
Coutinho também se disse otimista com os leilões de concessão que acontecerão em breve e garantiu que está havendo bastante procura de empresa internacionais – em muito menor escala no caso das ferrovias.

“Nós temos tido consultas muito intensas para as rodovias. Esse primeiro lote certamente atrairá muitos consórcios. Operadoras internacionais começam a olhar, europeias, operadora de logística rodoviária. Temos tido muitas consultas para os aeroportos, muito intenso, muitas consultas e visitas de investidores para portos”, afirmou.

No caso das ferrovias, segundo Coutinho, há “algum nível de consulta e entendimento”. Ele destacou que o governo tem anotado as preocupações desses investidores no sentido de aperfeiçoar o modelo.

“O governo tem estado aberto e tem trabalhado para alcançar junto com o setor privado aperfeiçoamentos viabilizadores da competição pelos projetos”, disse. “E [acredito] que nós decolaremos um ciclo de investimento em logística de grande envergadura nos próximos anos”, completou.

Estímulo ao investimento
Em relação a reportagem publicada nesta terça-feira pelo jornal “O Estado de S.Paulo”, que informa que na participação total do PIB, os desembolsos do BNDES nos últimos 12 meses atingiram patamar próximo ao de 2009 – auge da crise –, Coutinho garantiu que “a motivação de fato foi reativar o investimento”.

“Nós estamos num contexto de alta incerteza internacional. A crise que começou e foi muito aguda de 2008 para 2009, ela teve em metade de 2011 e 2012 um desdobramento diferente. Ela não foi tanto aguda, mas ela foi uma crise continuada, prolongada, afetando expectativas, etc. Tanto que nós tivemos um ano de crescimento muito baixo em 2012. É natural que tenhamos buscado estimular o investimento e havia sempre a análise de que é necessário estimular o investimento como uma forma de sustentação, de recuperação do crescimento da economia”, comentou.

veja também
Shopping
    busca de produtoscompare preços de