Governo encerra o projeto Rio 2016

qua, 28/08/13
por camilocoelho2 |
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Todo mundo lembra daquela imagem marcante dos nossos políticos pulando da cadeira para comemorar o anúncio do Rio de Janeiro como cidade sede dos Jogos Olimpícos de 2016? Se não lembram, coloquei uma foto abaixo para ninguém esquecer esse momento. Estavam naquele grupo o então presidente Lula, o ex-ministro do esporte Orlando Silva, o governador do Rio, Sérgio Cabral, e o prefeito da cidade, Eduardo Paes. Além de alguns atletas e outros políticos. Aquela alegria tinha motivo. O Brasil ganhava ali a oportunidade de formar uma geração de ouro para os esportes olímpicos, o país poderia investir em atletas com grande potencial, como foi feito na China, a cidade do Rio teria a chance de sofrer uma grande transformação, como aconteceu em Barcelona, e a disputa dos jogos deixaria um legado para o carioca.

Como explicar então o encerramento do Projeto Rio 2016? Elaborado pelo Governo do Estado e administrado pela Secretaria de Estado de Esporte e Lazer, o projeto tinha como objetivo ser o maior legado social dos jogos. O Rio 2016 atendia a cerca de 200 mil pessoas, com 53 modalidades esportivas acontecendo em 807 núcleos espalhados por todo o Estado. O programa também estava presente em todas as comunidades com Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), com 63 núcleos.

Mas acabou.

Sem nenhuma explicação ou comunicado oficial aos professores e alunos atendidos pelo projeto, o novo secretário de Estado de Esporte e Lazer, André Lazaroni, encerrou o Rio 2016 no dia 31 de julho. Alguns professores ainda estavam com os salários atrasados, não entendiam o que estava acontecendo e passaram a fazer cobranças públicas. Uma semana depois, o secretário usou seu perfil oficial em um site de relacionamentos para explicar que  já tinha feito o repasse da verba para a Federação de Atletismo do Rio de Janeiro (Farj), responsável pelo pagamentos dos profissionais. E assim tirou o time de campo.

Lazaroni aproveitou a nota para informar que está “trabalhando na elaboração de um novo projeto, para fomentar a política de inclusão social e desenvolvimento humano através do Esporte”. Mas uma data para o lançamento desse novo projeto nunca foi divulgada.

 

Alguns falam que tudo não passa de vaidade política, já que o secretário André Lazaroni assumiu o cargo em fevereiro. Ele entrou no lugar de Márcia Lins, que estava no cargo desde 2008 e esteve à frente de todos os projetos esportivos do governo, como a candidatura para os Jogos Rio-2016 e os preparativos esportivos para a Copa de 2014. Dizem que o projeto vai voltar como “Esporte RJ”. Esse seria o terceiro nome para a mesma ideia, já que ele foi lançado em 2007 como “Suderj Em Forma”. Quando o Rio de Janeiro ganhou a disputa para sediar os Jogos, em 2009, mudaram para Rio 2016.

Crianças querem mais informações

Quem não pode esperar são as crianças, que todos os dias pressionam os professores por novidades sobre o projeto. No Morro do Salgueiro, na Tijuca, o Rio 2016 tinha escolinha de futebol, aulas de karatê e ginástica para a terceira idade. A mesma parceria oferecia aulas de natação para as crianças dentro da Vila Olímpica do Salgueiro. O projeto atendia um total de 200 crianças e 40 adultos, que ficaram sem atividades.

- Não sei mais o que fazer com essas crianças. Não quero parar as atividades, mas sem apoio nenhum fica quase inviável. Já tentamos uma audiência com o secretário para buscar uma definição sobre o caso, mas até agora ele ainda não recebeu ninguém. Infelizmente não sabemos como vai ser daqui pra frente – reclama o coordenador do projeto no Salgueiro, Marcos Lelello.

No Morro dos Prazeres, em Santa Teresa, o projeto Rio 2016 oferecia a única aula de tênis dentro de uma comunidade no Rio. Que também será encerrada. O professor Naldo da Silva já trabalhava com as crianças há dois anos e estava com dez meninos federados, disputando torneios. Três deles têm grande futuro no esporte, mas sem apoio devem ficar pelo caminho.

Naldo destaca a força e o potencial da jovem Vanessa Almeida, de 11 anos, chamando a menina de fenômeno e comparando ela com as irmãs Willians.

- A Vanessa joga muito. Ela agora precisa de um acompanhamento profissional. Eu já tentei uma bolsa atleta para ela, mas nunca consegui. O Brasil pode estar perdendo uma grande tenista se não investirmos nessa menina – reclama o professor, que também destacou João Marcos, de 15 anos, e Inácio, de 14, como grandes promessas para o esporte.

O projeto de tênis atendia atualmente 20 meninos das comunidades dos Prazeres, Escondidinho e Coroado. Mas já chegou a ter 70 pessoas inscritas. O material para as aulas (raquete e bolinha) Naldo conseguia através de doações. Atleta do Fluminense, ele sempre conseguia ajuda com alguns amigos.

- O Rio 2016 só pagava o meu salário e deu um uniforme azul para os alunos. Agora nem isso eles fazem mais. Todo o resto eu conseguia com amigos, sempre com muita dificuldade – explica Naldo, que não deve encerrar as atividades apenas para não prejudicar as crianças.

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13 comentários sobre “Governo encerra o projeto Rio 2016”

  1. Fernando S. M. G. Freitas disse:

    Esse sempre foi um projeto “papo furado”!
    Nunca representará legado algum da Rio 2016. Com enfoque absolutamente político, seu funcionamento sempre foi pífio… uma grande enganação!
    Os professores recebiam – quando recebiam – com meses de atraso. Sem estrutura física e com pouquíssima disponibilidade de materiais esportivos.
    Boa atitude do novo Secretário: parar algo que funcionava tão precariamente e sem qualquer perspectiva de bons frutos. Os milhares / milhões de recursos públicos disponibilizados devem ter seu direcionamento reavaliado.
    Com raríssimas exceções, não vai fazer falta!

  2. Julia disse:

    Sou professora do projeto! Estou sem entender o motivo real do fim… e como ficam nossos alunos? e nos?

    ABSURDO !

  3. Luiz Auler disse:

    Podem anotar aí: legados para 2016:
    - transito absolutamente caótico com as modificações no centro e na região do porto sem término
    - metrô até a Barra lotado e com problemas nas baldeações nas estações General Osório e Gávea
    - hotéis construídos sem planejamento, liberando construções embargadas apenas para cumprir índice de quartos
    - trânsito na Barra caótico com obras ainda por fazer (já que as que estão sendo feitas se arrastam há anos)
    - instalações construídas em cima da hora com problemas estruturais – vide Engenhão, caso emblemático que só serviu para encher os cofres das construtoras, já que quando os prazos estão por vencer os contratos são fechados sem licitação.
    - zero de legado na área de segurança. ZERO VEZES ZERO já que nada foi feito, nada foi planejado, nada será feito. E basta conversar com quem mora nas “comunidades pacificadas” para se ter ideia da volta dos verdadeiros donos do pedaço, que o governo insiste em considerar como façanha policial a invasão da Vila Cruzeiro com o caminho para os bandidos claramente livre para fuga. Qualquer militar ou policial sabe no primeiro dia que não se pode cercar sem fechar TODAS as rotas de fuga. Só faltou mostras as placas.
    Enfim, não sou carioca mas moro no Rio há muitos anos, adoro esta cidade e me entristece a capacidade da classe política em destruir sua imagem de todas as maneiras. Só o espírito do carioca ainda está incólume… pelo menos por enquanto.

  4. Augusto disse:

    Uma grande enganação.

    O dinheiro tem que ir para a saúde e educação. Esporte, futebol, isso tudo é perda de dinheiro.

  5. wilson marques disse:

    Mais um motivo para pedir FORA CABRAL. Mais um Lesa Pátria .

  6. vanessa dias disse:

    Aquele pulo de alegria que os políticos deram foi por vislumbrarem o mar de roubalheira em que poderiam chafurdar futuramente.

  7. Vitorio disse:

    Que falta vai fazer o dinheirinho do sr. Eike Batista, e agora?

  8. Carlos Araújo disse:

    Querem saber o motivo do fim ??? ROUBO !!!!
    A atual administração do projeto estava preocupada apenas em encher o bolso (conseguiram), e não no bom andamento do projeto e na formação de atletas e cidadãos.
    Falo com propriedade de quem trabalhou no projeto.

  9. Leandro Felipe disse:

    O único legado que essa olimpíada deixará para o Rio, é o da elitização da cidade, do aumento custo de vida e do triunfo da especulação imobiliária. O carioca comum só têm a perder.

  10. Eric Walther Maleson disse:

    O passado explica o presente. Assim como no Pan 2007, não teremos legado em 2016. Além disso o Governo está com uma Dívida Interna mostruosa (na casa do trilhão) e não tem como custear as promessas que fez para a Copa do Mundo e as Olímpiadas. Essa Bolha vai estourar logo após as eleições 2014. Adivinha quem vai pagar essa conta ?

  11. Hlenita disse:

    Uma total falta de respeito com os profissionais e crianças envolvidas do projeto. Não ser avisados do término do projeto, não receber pelos serviços prestados, que apesar dos atrasos de pagamentos, falta de material de trabalho, os profissionais faziam o que podiam para o bom andamento do projeto, e para que ?
    Mas também, como esperar algo diferente né ? O país está um caos em todas as áreas!!!
    Uma total falta de estrutura.
    Vergonhoso!!!

  12. Jarbas Brum de Almeida Júnior disse:

    Fiquei sabendo através da secretaria de esporte e lazer que voltou o projeto com o nome de Esporte Rio e quem quiser saber mais ligue para o numero: (21) 2334-2060.
    Sorte para todos.

  13. fatima correa disse:

    Até quando nós professores vamos ser tratado com tanta falta de respeito e consideração,estamos a deriva.



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