05/08/2013 19h12 - Atualizado em 05/08/2013 19h12

Clientes do Rural, fechado pelo BC, devem mudar débito automático

Banco Central decretou liquidação da instituição financeira.
Ex-dirigentes do banco foram condenados no esquema do mensalão.

Do G1, em São Paulo

Fechado na semana passada pelo Banco Central, o Banco Rural informou nesta segunda-feira (5) os procedimentos para os clientes que possuíam aplicações, empréstimos e pagamentos na instituição.

Em nota, o Rural informou que estão garantidos os pagamentos de aplicações com lastro do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), tais como CDBs, LCA e depósitos a vista, no valor de até R$ 250 mil, com exceção dos Fundos de Investimentos.

As aplicações com valores acima de R$ 250 mil serão avaliadas pelo liquidante, "não sendo possível, neste momento, estipular um prazo para fornecer maiores informações". Estão garantidas também, segundo o Rural, as aplicações em depósitos a prazo com garantia especial do FGC até R$ 20 milhões, que devem ser pagas até o final desta semana. Os procedimentos serão informados na página do FGC na internet (clique aqui para acessar)

O banco afirma ainda que clientes com pagamentos de empréstimos e financiamentos "deverão continuar honrando as datas de vencimento previstas em contrato". Para os clientes com contas em débito automático na instituição, o Rural orienta buscar as empresas para mudança "imediata" dos dados de domicílio bancário.

Liquidação judicial
Na última sexta-feira (2), o Banco Central informou ter decretado a liquidação extrajudicial do Banco Rural, envolvido no esquema do mensalão. Segundo o BC, a medida foi tomada por conta do comprometimento da sua situação econômico-financeira e da falta de um plano viável para a recuperação da situação do banco.

"O ato abrange, por extensão, as demais empresas do Conglomerado Financeiro Rural: o Banco Rural de Investimentos S.A.; o Banco Rural Mais S.A.; o Banco Simples S.A.; e a Rural Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários S.A.", informa o Banco Central em nota.

Com o fechamento do banco, ficaram indisponíveis os bens dos controladores e dos ex-administradores da instituição. O BC nomeou Osmar Brasil de Almeida como liquidante do grupo.

Em março de 2013, o grupo, com sede em Belo Horizonte e agências em 19 estados, detinha apenas 0,07% dos ativos e 0,13% dos depósitos do sistema financeiro.

"O Banco Central está tomando todas as medidas cabíveis para apurar as responsabilidades, nos termos de suas competências legais de supervisão do sistema financeiro. O resultado das apurações poderá levar à aplicação de medidas punitivas de caráter administrativo e a comunicações às autoridades competentes, observadas as disposições legais aplicáveis".

Em nota, segundo o Jornal Nacional, os dirigentes do Banco Rural dizem que ficaram surpresos com a decisão do BC porque, segundo eles, o banco jamais causou prejuízo a qualquer pessoa. A instituição diz que estuda agora as medidas cabíveis..

O que é?
Segundo o Banco Central, a liquidação extrajudicial é uma medida "grave e definitiva". Destina-se, ainda de acordo com a instituição, a promover a extinção da empresa quando houver indícios de insolvência irrecuperável ou quando são cometidas infrações às normas que regulam a atividade da instituição.

"Objetiva ainda promover a venda dos ativos existentes para pagamento dos credores, com devolução de eventual sobra aos controladores ou sua responsabilização pelo passivo a descoberto", acrescentou o BC, em explicações que constam em sua página na internet.

Envolvimento no mensalão
No ano passado, ex-dirigentes do Banco Rural foram julgados e condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por envolvimento no esquema do mensalão.

O Supremo entendeu que a acionista e ex-presidente do Banco Rural Kátia Rabello e os ex-vice-presidentes José Roberto Salgado e Vinícius Samarane foram responsáveis por conceder empréstimos fictícios ao PT e ao grupo de Marcos Valério, apontado como o operador do mensalão, para pagamento de propina a políticos da base aliada do governo Luiz Inácio Lula da Silva.

Kátia Rabello e José Roberto Salgado foram condenados a 16 anos e 8 meses por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, gestão fraudulenta e evasão de divisas. Samarane pegou 8 anos e 9 meses por lavagem de dinheiro e gestão fraudulenta. Todos recorreram da condenação, mas os recursos só vão começar a ser julgados no dia 14 de agosto.

A ex-vice-presidente Ayanna Tenório foi absolvida por falta de provas.

BVA
Em junho, o Banco Central já havia liquidado o BVA, também em decorrência do "comprometimento da sua situação econômico-financeira e do descumprimento de normas que disciplinam a atividade da instituição".

Com sede na cidade do Rio de Janeiro, o BVA detinha 0,17% dos ativos do sistema financeiro e 0,24% dos depósitos, com 7 (sete) agências localizadas nos estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e São Paulo.

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