12/05/2013 23h25 - Atualizado em 12/05/2013 23h46

Conservadores vencem eleições mas não conseguem maioria na Bulgária

Partido de Borissov obteve entre 29,6% e 32% dos votos no domingo (12).
Comissão eleitoral anunciará os resultados totais na manhã desta 2ª feira.

Da France Presse

O partido conservador búlgaro Gerb, do ex-primeiro-ministro Boiko Borissov, obrigado a renunciar em fevereiro, sob a pressão de manifestações, venceu neste domingo (12) as eleições legislativas antecipadas, mas sem conseguir a maioria absoluta.

O partido de Borissov obteve entre 29,6% e 32% dos votos, enquanto seu principal rival, o Partido Socialista (PSB, ex-comunista), conseguiu entre 25,6% e 26,2%, de acordo com cinco pesquisas. Esta é a primeira vez na Bulgária desde a queda do regime comunista, há 23 anos, que um partido é reeleito.

Manifestantes seguram tochas e gritam durante um protesto em frente ao Palácio Nacional da Cultura em Sófia neste domingo.  Partido de Boyko Borisov ficou em primeiro lugar nas eleições da Bulgária (Foto: AFP PHOTO / NIKOLAY Doychinov)Manifestantes seguram tochas e gritam durante um protesto em frente ao Palácio Nacional da Cultura em Sófia neste domingo. Partido de Boyko Borisov ficou em primeiro lugar nas eleições da Bulgária (Foto: AFP PHOTO / NIKOLAY Doychinov)

Se a leve vantagem for confirmada, os conservadores não terão conseguido a maioria no Parlamento, e enfrentarão dificuldades para formar um governo, já que as possibilidades de coalizão são limitadas. A comissão eleitoral anunciará os resultados totais na manhã desta segunda-feira (13).

Os outros dois partidos que superaram os 4% necessários para ter representação no Parlamento, de 240 assentos, foram o Movimento pelos Direitos e Liberdades (MDL, minoria muçulmana turca), que obteve entre 9,9% e 13,4% dos votos, e o partido nacionalista e xenófobo Ataka, que conseguiu entre 7,3% e 8,5%, segundo as pesquisas.

O Ataka apoiou por um tempo Boiko Borissov, após a formação de um governo minoritário em 2009, mas neste domingo seu líder, Volen Siderov, descartou esta opção.

Por outro lado, uma coalizão entre dois inimigos jurados, o Gerb e os socialistas, é pouco provável.

"A Bulgária precisa de estabilidade, e, se os partidos são responsáveis, deveriam apoiar um gabinete minoritário", disse o ex-ministro do Interior Tsvetan Tsvetanov.

"Há um grande risco de paralisação do Parlamento", alertou Ognian Mintchev, diretor do Instituto de Estudos Regionais e Internacionais.

"Amanhã, saberemos com mais exatidão, depois da contagem dos votos dos búlgaros que vivem no exterior, que partido ficará em quinto lugar. Os principais partidos da oposição - PSB e MDL - poderiam obter, juntos, menos de 120 votos, ou mais, e isso mudaria tudo", assinalou Andrey Raytchev, do instituto Gallup.

Os socialistas e o MDL governaram juntos de 2005 a 2009, sob a direção de Serguei Stanichev, líder do PSB.

A campanha eleitoral, longe de atender às expectativas da população, concentrou-se em um ajuste de contas entre socialistas e conservadores motivado por um escândalo de escutas ilegais.

A decepção da população se traduziu em uma queda inesperada de sua participação. Cerca de 50% dos 6,9 milhões de eleitores votaram, segundo as pesquisas, contra 60,2% há quatro anos.

Se, após as eleições, nenhum governo for formado, o gabinete interino, dirigido pelo diplomata Marin Raykov, permanecerá no poder até a organização de novas eleições, no outono boreal, um cenário citado por cientistas políticos em Sófia, que agravaria a situação econômica do país, onde o crescimento foi de 0,8% no ano passado, e uma em cada cinco pessoas está desempregada, segundo cifras extraoficiais.

Alguns não descartam a possibilidade de uma nova crise social, como a do inverno passado, em que milhares de búlgaros foram às ruas protestar contra o aumento da conta de luz, que dobrou em janeiro. Um golpe em um país onde o salário médio é inferior a 400 euros.

O movimento espontâneo se transformou, sob a influência de múltiplos grupos da sociedade civil, em uma ampla mobilização contra a miséria crônica (a Bulgária é o membro mais pobre da União Europeia), o desemprego e a corrupção que afeta a classe política e as instituições do país.

O desespero levou sete pessoas a atear fogo ao próprio corpo, um fato sem precedentes na Bulgária. Seis delas morreram.

A demissão do governo levou à realização de eleições dois meses antes da data prevista, o que impediu que os grupos civis se organizassem em um movimento político e levou a população à escolher entre partidos contra os quais protestou.

A apreensão, no sábado (11), de 350 mil cédulas eleitorais suspeitas em um local responsável por imprimir as cédulas das eleições provocou um escândalo e avivou a tensão.

Os adversários políticos do Gerb suspeitam de seu envolvimento no caso, o que o partido conservador desmentiu, alegando um complô político. Os opositores do Gerb exigiram que o instituto austríaco Sora realize uma apuração paralela.

Mulher olha para cartazes eleitorais de Boiko Borisov, líder do partido GERB de centro-direita  na Bulgária, em um subúrbio de Sofia no sábado (11) (Foto: REUTERS / Stoyan Nenov )Mulher olha para cartazes eleitorais de Boiko Borisov, líder do partido GERB de centro-direita na Bulgária, em um subúrbio de Sofia no sábado (11) (Foto: REUTERS / Stoyan Nenov )
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