Economia

Falta de confirmação de leilão do BC traz dúvidas, mas dólar fecha em queda após acordo

Bolsas fecharam em alta com expectativa de solução para crise fiscal dos EUA

RIO - A surpreendente falta de confirmação de um novo leilão de swap cambial para o dia seguinte amenizou o compasso de desvalorização do dólar comercial frente ao real e a moeda americana fechou em queda de 0,22%, a R$ 2,175 para venda, depois de cair 1,15%, a R$ 2,180 na mínima da sessão. Foi a primeira vez que o Banco Central deixou de publicar o anúncio do leilão, sempre feito às 14h30m, desde que o programa diário de intervenções começou no fim de agosto. Isso aumentou os questionamentos entre operadores sobre um fim antecipado dessas intervenções, que deixariam de ser necessárias - na visão do mercado - com a divisa nos níveis atuais. O mercado também aguarda o anúncio do BC sobre a rolagem dos US$ 8,87 bilhões em contratos de swap cambial que vencem no início de novembro.

- A falta do anúncio deixou um ponto de interrogação no mercado, se o Banco Central vai prorrogar o programa de intervenções ou se vai reavaliar. Não faz sentido vender dólar a R$ 2,26. O mercado está calmo - disse Claudio Coppola, sócio-gestor da RC Gestão.

A “racão” diária consiste na venda de US$ 500 milhões no mercado futuro de segunda a quinta-feira e de até US$ 1 bilhão no mercado à vista na sexta-feira. Ao longo do pregão desta quarta-feira, a expectativa e a posterior confirmação de um acordo entre democratas e republicanos no Congresso para elevar o teto do endividamento também interferiu na cotação do dólar e trouxe alívio às preocupações sobre um calote do Tesouro americano.

Isso porque termina nesta quarta-feira o prazo para que o Tesouro dos EUA consiga uma elevação do teto do endividamento antes de ficar sem recursos suficientes para honrar dívidas a partir de quinta feira. Esse risco chegou a motivar uma ameaça do rebaixamento de rating pela agência Fitch, colocando o país em perspectiva negativa. Mas, mesmo com chance real de perda da nota máxima (“AAA”), investidores minimizaram as chances de a Casa Branca e o Congresso não entrarem em acordo até o fim do dia.

O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, também aproveitou o otimismo com um acordo político nos EUA e terminou em alta de 1,80%, aos 55.973 pontos. Em Wall Street, o Dow Jones subiu 1,36%, S&P 500 avançou 1,38% e Nasdaq ganhou 1,20%.

Entre as ações mais negociadas, Petrobras PN caiu 0,38%, a R$ 18,35, enquanto Vale PNA subiu 0,34%, a R$ 32,31. OGX Petróleo ON teve a maior alta do pregão, com valorização de 38,23%, a R$ 0,47, embalada por rumores de que a gestora Vinci Partners injetaria recursos e assumiria o controle da petrolífera . No dia anterior, o papel tinha disparado 47,82%, depois das demissões do diretor-financeiro e do presidente da empresa no dia anterior.

No mercado de juros futuros, as taxas dos contratos de Depósito Interfinanceiro (DI) de curto prazo fecharam em alta mesmo depois do crescimento econômico de 0,08% em agosto, na estimativa feita pelo Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br). O mercado projetava um avanço de 0,2%. Os contratos DI com vencimento em janeiro de 2014 subiram de 9,535% para 9,545%. O contrato com vencimento em janeiro de 2015 subiu de 10,36% para 10,38%. Os juros futuros ainda sinalizam que a maior parte do mercado aposta em alta de 0,5 ponto percentual, para 10% ao ano, da Selic na reunião do BC em dezembro.

Na Europa, as bolsas fecharam em alta, com exceção de Paris. O FTSE 100, de Londres, subiu 0,34%, enquanto o DAX, de Frankfurt, subiu 0,47%. O IBEX 35, de Madri, avançou 0,78%. Já o FTSE MIB, de Milão, teve ganho de 1,45%. O CAC 40, de Paris, caiu 0,29%.