Economia

Economista sugere nova estratégia para gerenciar a política fiscal

Para Raul Velloso, governo precisa dizer como irá cumprir meta de superávit

BRASÍLIA - A disposição do governo de reconquistar a confiança do mercado para sua atuação na área fiscal depende da fixação de uma meta crível de superávit primário (economia para o pagamento de juros da dívida pública) e, além disso, ele precisará deixar claro como essa meta será cumprida. A opinião é do especialista em contas públicas Raul Velloso, que faz nesta quinta-feira uma exposição sobre o tema no I Colóquio Macrotendências da Economia Brasileira, evento organizado pelo Ibmec, Instituto Millenium e Instituto Liberal do Rio.

Velloso disse que a equipe econômica da presidente Dilma Rousseff errou ao manter a meta de superávit elevada nos últimos anos. Com a arrecadação enfraquecida pela crise mundial e despesas altas, o governo foi obrigado a fazer uma série de manobras para cumprir o compromisso fiscal. Ele destaca que a opção de antecipar dividendos de estatais, sacar recursos do fundo soberano e descontar investimentos e desonerações do primário provocou um abalo importante na credibilidade da política fiscal. Tanto que duas agências de classificação de risco — Standard & Poor's e Moody's — reduziram a perspectiva do rating soberano do Brasil.

O economista considera que seria melhor se o governo tivesse reduzido a meta de superávit e explicado que isso era necessário por causa das turbulências que abalaram os países a partir de 2008.

— O governo agiu como se não tivesse que prestar contas a quem o financia — disse.

Segundo ele, também foi um erro tentar segurar reajustes nos setores de energia e transporte para conter a inflação e tentar responder às manifestações populares por melhores serviços públicos.