Economia

Para evitar resgate, Eslovênia sobe imposto e privatiza empresas

Governo diz que venderá 15 estatais, incluindo banco, telefônica e companhia aérea

LJUBLJANA, Eslovênia - Em uma tentativa desesperada de evitar um resgate internacional, o governo esloveno prometeu nesta quinta-feira vender 15 empresas estatais e aumentar o Imposto sobre Valor Agregado (IVA), mas deu poucos detalhes e adiou os cortes de gastos que segundo os investidores são necessários para estabilizar suas finanças.

O aguardado pacote não incluiu um cronograma para a privatização das empresas, que incluem o segundo maior banco do país, a maior operadora de telefonia e a companhia aérea nacional. Nem apontou quanto elas valeriam. Os cortes no setor público teriam que aguardar o resultado das negociações com os sindicatos.

A primeira-ministra eslovena, Alenka Bratusek, disse que o pacote, que inclui um aumento no IVA de 20% para 22%, será o suficiente para impedir que o pequeno país alpino siga o Chipre na fila de pedidos de resgate à União Europeia e ao FMI. O plano será encaminhado à Comissão Europeia, o braço executivo da UE, nesta sexta-feira.

— Este programa permitirá à Eslovênia permanecer um estado completamente soberano — disse Alenka Bratusek em uma entrevista coletiva.

O ministro das Finanças, Uros Cufer, usou uma metáfora para definir a situação do país:

— A Eslovênia é um avião perdendo altitude e primeiro temos que estabilizar esta altitude.

A ex-república iugoslava foi pioneira na Europa Oriental quando, na qualidade de economia que crescia mais rápido no bloco, se juntou à zona do euro em 2007. Amparados por exportações de carros Renault, eletrodomésticos e farmacêuticos, sucessivos governos evitaram a impopular venda de ativos estatais, incluindo os maiores bancos do país, e a reforma do sistema de previdência e do rígido mercado de trabalho. As exportações bateram no teto com a detonação da crise global, que expôs a disseminada corrupção que resultou em empréstimos desastrosos feitos a empresários com boas conexões políticas.

A UE permanece preocupada com o comprometimento do governo esloveno com as reformas que segundo o bloco são necessárias para uma economia que é quase 50% controlada pelo estado e atrelada a € 7 bilhões (US$ 9,22 bilhões) de empréstimos “tóxicos” (de alto potencial de inadimplência) em bancos locais.