16/05/2013 07h22 - Atualizado em 16/05/2013 11h48

Casal larga emprego no Google e abre escola sobre a ferramenta

Criada em julho de 2012, empresa deve faturar R$ 500 mil no 1º ano.
'Se tudo desse errado, dava tempo de voltar atrás', diz empreendedor.

Gabriela GasparinDo G1, em São Paulo

Isabel e Renato trabalharam no Google por quase 4 anos (Foto: Divulgação/Gawa)Isabel e Renato trabalharam no Google por cerca
de 4 anos (Foto: Divulgação/Gawa)

Há quase um ano, o casal de publicitários Isabel Furtado, de 30 anos, e Renato Maria, de 28 anos, tomou a difícil decisão de largar um bom emprego – no caso deles, no Google, constantemente listado em rankings como a melhor empresa para se trabalhar –, e abrir o próprio negócio: uma escola de cursos sobre a ferramenta de busca. Eles dizem não se arrepender da escolha: a renda mensal já é a mesma e a tendência é aumentar, há liberdade de horários e ambos garantem que trabalhar pela própria empresa traz grande satisfação pessoal.

(O G1 publica, ao longo da semana, uma série de reportagens contando histórias de sucesso de leitores, enviadas pelo VC no G1.)

Em julho de 2012, eles criaram em São Paulo a Gawa, uma empresa que oferece cursos para ferramentas do próprio Google, e o faturamento deve atingir R$ 500 mil no primeiro ano de vida, o dobro do previsto. Renato abriu, ainda, uma agência de publicidade para links patrocinados, com outra sócia, e o faturamento deve atingir R$ 1 milhão em 2013.

“Difícil sempre é. Sair do cômodo para empreender é complicado (...). Mas o mercado está favorável nesse sentido. A gente tinha acabado de casar, não tinha filhos, se tudo desse errado, dava tempo de voltar atrás”, revela Renato. “Não conseguíamos pensar em nada mais legal que do que o Google a não ser abrir a nossa própria empresa. A gente pensou, ‘a hora de arriscar é agora’”, diz Isabel.

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Eles [os empregadores] não conseguem promover todo mundo. Tomei essa decisão duas vezes, de abrir duas empresas, eu acho que é isso mesmo, não me arrependo"
Renato Maria, empreendedor

Eles escolherem criar cursos das ferramentas do Google justamente pela experiência que adquiriram em cerca de quatro anos na empresa, além de o investimento inicial ser baixo: eles mesmos dão as aulas, preparam e desenvolvem o material didático e alugam o espaço e equipamento para o curso – em alguns casos, é ministrado dentro das próprias empresas. Há ainda consultorias.

“Tivemos inúmeras ideias de start-ups ao longo de meses, fomos descartando aquelas que necessitavam de grandes investimentos iniciais ou equipe”, revela Isabel. “É óbvio que a gente poderia abrir outro negócio, mas a gente já tinha esse conhecimento técnico, que é raro no mercado”, avalia Renato.

Isabel e Renato são casados há dois anos e se conheceram na própria empresa. "Eu brinco com todo mundo que procurei o meu marido no Google e achei", diz Isabel.

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Investimento inicial foi baixo porque é o próprio casal que dá as aulas (Foto: Divulgação/Gawa)Investimento inicial foi baixo porque é o próprio casal que dá as aulas (Foto: Divulgação/Gawa)

Após tomar a decisão, o casal estudou seis meses para concretizar a ideia e nasceu a Gawa. O investimento inicial foi bem baixo: eles chegaram a contratar o serviço para a criação de um site, com investimento inferior a R$ 10 mil, diz Isabel, mas o resultado não ficou como esperavam e a solução encontrada foi a de desenvolver o próprio site (com o uso de uma ferramenta para blogs). “Aprendemos lendo materiais disponíveis na internet e assistindo a vídeos no YouTube (...). Em apenas dois dias a gente já tinha o site praticamente pronto, com todas as funcionalidades que queríamos, e com custo quase nulo”, diz Isabel.

As aulas
Atualmente são oferecidos dois cursos, de Google AdWords (ferramenta para criar e gerenciar links patrocinados) e Google Analytics (usada para entender o comportamento dos usuários nos sites). O público-alvo vai desde publicitários a empresários que querem promover seus negócios na internet.

“O contato direto com o público nos fez perceber que o mercado estava carente de profissionais especializados e que estes tinham dificuldade de encontrar cursos e materiais de qualidade em português para se desenvolver”, diz Isabel.

Os cursos, todos presenciais por enquanto, duram dois dias, geralmente às sextas-feiras e aos sábados, e custam cerca de R$ 800 por aluno. São aproximadamente 20 alunos por turma, totalizando de 80 a 100 por mês.

“Divulgamos a Gawa usando o próprio Adwords, o Facebook; temos parceria com empresas como o próprio Google e também tiramos proveito do boca a boca”, revela Isabel.

São aproximadamente 20 cursos alunos por turma (Foto: Divulgação/Gawa)São aproximadamente 20 alunos por turma
(Foto: Divulgação/Gawa)

Apesar de ser suspeito para falar, Renato afirma que até na sua agência de publicidade – a ADW/id –, criada um pouquinho antes, há um ano, sentiu a necessidade de mão de obra que saiba usar as ferramentas, importantes no ramo. “Já precisamos começar a contratar, deveríamos estar contratando, estamos sentindo falta de mão de obra qualificada”, diz. Por enquanto, trabalham apenas ele e a sócia – que também trabalhava no Google.

Eles desenvolvem propagandas para links não só dentro do Google, mas também para redes como Facebook e para vídeos do Youtube, entre outros. “A grande estratégia da publicidade online é que se você segmenta a campanha certa para a pessoa certa, ela vai querer assistir (...). A publicidade online é boa nesse sentido, não desperdiçar dinheiro com quem não quer assistir”, diz Renato.

'Escolha certa'
Nos próximos meses, o casal espera criar um novo curso na Gawa, de anúncios para o Facebook, além de lançar módulos online dos outros cursos para alunos de outros estados. No futuro, o casal não descarta investir em uma escola física, avalia Renato.

Com relação ao Google, Isabel diz que foi criada, inclusive, uma parceria. “Eles veem a gente como um parceiro, a gente presta alguns serviços para eles”.

O sentimento de ver algo que você criou do zero gerando frutos e crescendo também traz muita satisfação pessoal"
Isabel Furtado, empreendedora

Isabel conta que os dois já conseguiram atingir a mesma renda mensal da época em que trabalhavam no Google, somando o faturamento das duas empresas. Ela destaca, ainda, fatores positivos com relação à rotina do dia a dia. “Temos horários mais flexíveis, o que trouxe pra gente mais qualidade de vida. O sentimento de ver algo que você criou do zero gerando frutos e crescendo também traz muita satisfação pessoal”, diz.

Para Renato, contudo, escolher virar empreendedor foi a melhor decisão tomada. “A gente conversou bastante antes de tomar a decisão (...). Eles [os empregadores] não conseguem promover todo mundo. Tomei essa decisão duas vezes, de abrir duas empresas, eu acho que é isso mesmo, não me arrependo. As pessoas têm muita vontade, mas coragem falta, as pessoas não têm coragem de largar emprego bom (...). O retorno é a médio e longo prazo”, diz o empreendedor.

“Existe a pressão social para que se mantenha empregos estáveis. Pesamos muito os prós e os contras antes de tomar a decisão e a cada dia temos mais certeza de que foi a escolha certa (...). Um dos principais aprendizados é que fazendo um trabalho de qualidade e tendo paciência os resultados aparecem, mesmo com tantos empecilhos para o empreendedorismo no Brasil”, avalia Isabel.

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