Economia

Minoritário exige resultado e reage com desconfiança a artigo de Eike

Para executivo que organizou reunião de credores, recado é positivo

RIO - Acionistas minoritários das empresas do grupo EBX, de Eike Batista, reagiram com estranheza e desconfiança ao artigo do empresário publicado nos jornais O Globo e “Valor Econômico” ontem. Para eles, o mercado trabalha com resultados e de nada adiantam pedidos de desculpas ou arrependimentos.

No artigo, que quebra um silêncio de meses do empresário sobre as dificuldades das empresas X, Eike se diz arrependido por ter recorrido ao mercado de capitais para financiar seus projetos e afirma que não foi alertado sobre possíveis mudanças nas projeções de reservas e produção de petróleo da OGX, braço do grupo que atua neste segmento e que é a origem da crise por que passa o conglomerado.

— Arrependimento no mercado não adianta. O mercado trabalha com números, dados, resultados. Ponto. O controlador de qualquer empresa tem que ter absoluto conhecimento do seu negócio. Dizer que nunca ninguém o alertou me causa estranheza. O controlador detém a mais privilegiada das informações. Dizer que não sabia não é resposta que se dê ao mercado — disse o advogado Adriano Mezzomo, presidente da União dos Acionistas Minoritários do grupo EBX (UnaX).

Em seu artigo, intitulado “O Brasil como prioridade: ontem, hoje e sempre”, Eike lembra que os relatórios da OGX eram auditados por “empresas independentes de renome internacional”. e que “dia após dia” o corpo técnico da empresa lhe reafirmava os bons prognósticos.

Mas em junho de 2012, a OGX cortou sua estimativa de produção por poço no campo de Tubarão Azul , na Bacia de Campos (RJ), de 20 mil para cinco mil barris por dia, dando início à crise de confiança do grupo. O mercado ficou de pé atrás com os negócios do empresário e começou a faltar caixa para pagamento de fornecedores.

No artigo, Eike assumiu o compromisso de que pagará “cada centavo” devido. A mensagem foi bem recebida por credores internacionais, que já se articulam para ganhar mais voz nas negociações de rolagem de dívidas.

— Não se pode tomar essa afirmação de que ele pagará cada centavo literalmente, mas é uma sinalização positiva. É melhor que o silêncio — disse Sam Agruirre, diretor da FTI Consulting. que organizou encontro de detentores de bônus da OGX em Nova York, esta semana.

Alguns empresários que mantêm investimentos em projetos do grupo ainda demonstram otimismo, apesar da crise. Nelson Prochet, diretor de Recursos Humanos e Comunicação da Technip no Brasil, confirma a inauguração, no fim do ano, de sua fábrica de tubos flexíveis no Porto do Açu, em São João da Barra (Norte Fluminense). O porto é da LLX, empresa de logística do grupo, e é um dos ativos para o qual se buscam investidores.

— Não tenho do que reclamar. Há atrasos, mas quem trabalha com obra está acostumado com isso.