Com recuperação judicial homologada pela Justiça de Ribeirão Preto (SP) na terça-feira (10), o Grupo Leão Leão, que aglomera quatro empresas do setor de pavimentação e infraestrutura de rodovias, planeja pagar uma dívida estimada em R$ 236,8 milhões em até dez anos, segundo o advogado da empreiteira Ricardo Dosso. O grupo empresarial havia entrado com o processo de recuperação no início do ano para evitar que seus mais de 600 funcionários fossem demitidos, devido a débitos contraídos por contratos sem o retorno financeiro esperado e pelo pagamento de empréstimos bancários a juros considerados elevados.
A homologação confirmada pela 6ª Vara Cível do município era a última etapa legal para a viabilização do processo, aprovado em agosto pelos credores das quatro empresas que formam a holding - Leão Leão, CFO Engenharia, Infrapar Participações S.A. e Carvalho Engenharia e Construções, instaladas em Ribeirão, Araraquara (SP) e Jaboticabal (SP).
Segundo Dosso, os débitos trabalhistas - que segundo a auditoria responsável pelo plano de recuperação judicial chegam a R$ 3 milhões - serão pagos integralmente em um ano. "Os empregados receberão 100% dos valores devidos no prazo de 12 meses", disse.
O valor restante da dívida - que terá um desconto de 60% - será amortizado por meio de parcelas fixas de R$ 50 mil, periodicamente corrigidas para repasses mínimos de R$ 100 mil e R$ 200 mil, que serão rateadas entre os credores da Leão Leão, como bancos e fornecedores.
O pagamento será elevado conforme a variação do faturamento das empresas do grupo, o que deve viabilizar o pagamento dos débitos em aproximadamente dez anos, informou Dosso. "Nos dois primeiros anos a empresa disponibilizará o valor fixo de R$ 50 mil mais variação de seu fluxo de caixa. À medida que aumenta o faturamento, aumenta o valor destinado ao pagamento dos credores", afirmou o advogado.
Crise financeira
O grupo apresentou o plano de recuperação judicial em fevereiro à 6ª Vara Cível de Ribeirão Preto. De acordo com Ricardo Dosso, o processo foi a saída encontrada pela Leão Leão em razão de contratos fechados que não tiveram o faturamento esperado e que forçaram a empreiteira a contrair empréstimos bancários a juros altos, informou o advogado.
"Essas dificuldades se deram por contratos muito deficitários, que não davam retorno financeiro, e até em razão desses contratos o grupo teve que recorrer a empréstimos bancários a juros muito altos e isso acabou gerando uma situação muito difícil que obrigou o pedido de recuperação judicial.
Desde então, segundo ele, o grupo não recorreu a demissões em massa. "Não houve demissão em massa até porque essa era uma das grandes preocupações e isso foi cumprido." Embora tivesse previsão de ser aprovado logo após o carnaval, o processo apenas teve aval dos credores em assembleia realizada em agosto.
Separados desde 2004 e 2005 e com outros proprietários, o grupo Leão Engenharia e a empresa Leão Ambiental – que pertencem ao grupo GEO – nada têm a ver com o pedido de recuperação da Leão Leão.