Economia

Bancários aceitam proposta de aumento salarial e encerram greve no Rio e em SP

Fenaban aumentou para 8% o percentual de reajuste; comando de greve vai orientar sindicatos a votar pela aprovação do acordo
Segurança do banco do Bradesco, na Praça Pio X Foto: Marcelo Carnaval / Agência O Globo
Segurança do banco do Bradesco, na Praça Pio X Foto: Marcelo Carnaval / Agência O Globo

SÃO PAULO E RIO - A maioria dos bancários do país decidiu aceitar a proposta feita pela Fenaban, a federação dos bancos, e encerrou a greve de 23 dias nesta sexta-feira. A categoria concordou com o reajuste de 8% (equivalente a 1,82% de aumento real) oferecido pelos bancos. Em São Paulo, Osasco e região, todos os funcionários aceitaram o acordo. No Rio, as agências também reabrem na segunda-feira, com exceção das unidades da Caixa, cujos funcionários ainda não realizaram sua assembleia, que foi adiada para segunda-feira à noite.

O comando de greve já havia informado, na manhã desta sexta-feira, que estava orientando os sindicatos regionais a votarem a favor da nova proposta nas assembleias que acontecem entre hoje e segunda-feira, quando os trabalhadores deverão retornar aos locais de trabalho.

Mais cedo, o presidente do Sindicato do Rio, Almir Aguiar, que participou da mesa de negociação na reunião que entrou pela madrugada, disse que os bancos só avançaram na proposto porque a categoria estava unida e manteve a mobilização durante esses 23 dias de greve.

- A proposta dos bancos só avançou porque a categoria realizou uma heróica greve nacional e mostrou que a unidade é imprescindível do início ao fim da campanha salarial - disse ele. - Após a maior greve dos últimos 20 anos, passeatas e seguidas vitórias do Sindicato contra os interditos proibitórios dos bancos, conquistamos avanços na proposta apresentada ontem pelos patrões. Tivemos uma negociação desgastante, mas acredito que chegamos ao que foi possível. Não há dúvidas de que a greve garantiu avanços, e o importante agora é mantermos a unidade nacional e seguirmos a orientação do Comando Nacional, que defende o fim da greve e a aprovação das propostas - completa Almir.

A nova proposta dos bancos, apresentada após o 22º dia da greve, que fechou 12.140 agências em todo o país, incluiu ainda 8,5% de reajuste no piso salarial (2,29% acima da inflação), 10% sobre o teto da parcela individual da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) e mais uma elevação de 2% para 2,2% do lucro líquido que será distribuído na parcela adicional da PLR.

Em São Paulo, a assembleia começou nesta sexta, às 17h. A greve dos bancários, que completou nesta sexta-feira 23 dias, foi a mais longa desde 2004.

- O aumento real de 1,82% é maior do que a media dos aumentos reais dos bancários desde 2004. Com isso, em 10 anos iremos acumular 18,33% de ganho real nos salários e 38,7% nos pisos. O Comando avalia que a proposta tem avanços nas principais reivindicações dos bancários e vamos indicar a aprovação em assembleias - disse Juvandia Moreira, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.

Foram incluídas também três novas cláusulas no acordo: proibição de os bancos enviarem SMS aos bancários cobrando resultados, abono-assiduidade de um dia por ano e adesão ao programa de vale-cultura do governo, no valor de R$ 50,00 por mês.

Nas negociações entre a Fenabam e a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro da CUT (Contraf-CUT), que durou mais de 16 horas e varou a madrugada de hoje, ficou acertado também que os dias parados serão compensados até 15 de dezembro, com uma hora extra por dia.

— Em razão desses avanços, o Comando Nacional está orientando os sindicatos a realizarem assembleias até a segunda-feira (14) e a aceitarem a nova proposta, que garante aumento real de salário pelo décimo ano consecutivo, valorização do piso e novas conquistas econômicas e sociais — avaliou Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT e coordenador do Comando Nacional.

Consequências da paralisação

Os 23 dias em que a categoria ficou em greve causou transtornos para a economia do país. Com as agências fechadas, a demanda do consumidor por crédito, por exemplo, caiu 9,8% em setembro na comparação com agosto, de acordo com a Serasa Experian. A maior queda na demanda dos consumidores por crédito em setembro ocorreu na região Sul (recuo de 15,4% frente a agosto/13). As regiões Norte e Nordeste também registraram quedas expressivas – 14,1% e 14,5%, respectivamente — contra o mês de agosto. No Sudeste, o recuo mensal em setembro foi de 6,4% e no Centro-Oeste de 2,6%.

A Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) também mensurou o impacto da greve no movimento do comércio. Segundo a entidade, quando a paralisação chegasse ao quinto dia útil de outubro (que foi na última segunda-feira), o prejuízo ao varejo chegaria a até 30%. A manifestação da CNDL foi formalizada em um ofício e enviada no dia 3 de outubro à Fenaban pedindo “um acordo imediato” entre empregados e empregadores. (Colaborou Marcello Corrêa)