RIO - O velódromo construído pela prefeitura para os Jogos Pan-Americanos de 2007 no Autódromo Nelson Piquet, ao custo de R$ 14,1 milhões e que já foi até cenário de novela, está com os dias contados. As obras que começaram nesta sexta-feira para transformar toda a área no principal complexo esportivo dos Jogos Olímpicos de 2016 preveem a retirada da estrutura, segundo informou a presidente da Empresa Olímpica Municipal, Maria Silvia Bastos Marques. A prefeitura concordou em doar o equipamento para o Ministério do Esporte, que estuda onde realocar a estrutura. Três cidades de estados diferentes (nenhuma delas do Rio) manifestaram interesse.
A decisão foi tomada porque o velódromo do Pan foi projetado sem seguir os padrões olímpicos. Dois pilares no centro da pista impedem que os árbitros tenham uma visão completa. Nas Olimpíadas, isso impediria a homologação dos resultados. O problema da estrutura já era conhecido há dois anos. Com a decisão, o novo velódromo olímpico, inicialmente concebido como uma estrutura provisória, será mantido depois dos jogos.
O velódromo não é a única instalação erguida para os Jogos Pan-Americanos que não será aproveitada, contrariando o que estava previsto originalmente para as Olimpíadas. O Parque Aquático Maria Lenk (que custou mais de R$ 60 milhões) receberá apenas as provas de saltos ornamentais e o polo aquático. Ele ficou defasado porque o Comitê Olímpico Internacional (COI) mudou as regras para instalações das demais provas de natação após a sua construção. O novo centro aquático ficará em estruturas provisórias, a exemplo de outras instalações que serão desmontadas após os Jogos, como o centro de tênis. Parte das estruturas será reaproveitada em outros lugares, como escolas e creches.
Demolições no autódromo serão concluídas até maio
A pedra fundamental das obras no autódromo, que serão executadas numa parceria público-privada, foi lançada na tarde desta sexta-feira pelo prefeito Eduardo Paes. As intervenções serão feitas por etapas. Até maio de 2013, a concessionária Rio Mais vai demolir todas as estruturas do Autódromo Nelson Piquet. Os trabalhos começam por um grupo de arquibancadas que não vinha recebendo público e em trechos do complexo automobilístico que não são usados para as corridas.
As pistas, a torre de controle e outras estruturas de apoio para as corridas começam a ser derrubadas no fim do ano, com o fechamento definitivo do autódromo. Um novo circuito será construído em Deodoro pelo governo estadual, com recursos da União. O projeto ainda não saiu do papel, mas vem sendo questionado pelo Ministério Público devido ao impacto ambiental.
O parque olímpico receberá 14 modalidades olímpicas, entre elas natação, basquete e tênis, e nove paraolímpicas, numa área de mais de um milhão de metros quadrados (equivalente ao bairro do Leme). Isso exigirá a construção de três complexos esportivos, que integrarão o futuro centro de formação de atletas do Comitê Olímpico Brasileiro (COB).
Editais serão lançados na próxima semana
Na semana que vem, a prefeitura lança os primeiros editais para escolher as empresas que desenvolverão os projetos arquitetônicos do novo velódromo, do parque aquático e do centro de tênis. Segundo o acordo firmado entre os governos, o Ministério do Esporte arcará com as obras das instalações esportivas e o município, com os projetos.
— As obras dos complexos vão começar no segundo trimestre de 2013 — disse Maria Silvia Bastos Marques.
O investimento da PPP no parque olímpico é estimado em R$ 1,4 bilhão (sem incluir as instalações esportivas). A prefeitura pagará ao consórcio com o repasse de uma área de cerca 800 mil metros quadrados do autódromo que não será aproveitada nas Olimpíadas. No terreno, os investidores poderão construir casas e lojas. Além disso, o município pagará mais R$ 525 milhões ao longo de 15 anos ao consórcio, para a manutenção de toda a área.
A construção do complexo esportivo provocará modificações no entorno. O Clube Esportivo Ultraleve (CEU) negocia uma nova área com a prefeitura. A favela Vila Autódromo também será removida, provavelmente até o início de 2014. Os moradores serão reassentados num conjunto a ser construído na Estrada dos Bandeirantes, a dois quilômetros da comunidade.
Local vai ganhar um hotel 4 estrelas
A parceria público-privada (PPP) firmada com a prefeitura prevê também que a concessionária Rio Mais, responsável pela transformação do autódromo no parque olímpico, se responsabilize por construir um hotel quatro estrelas em parte do terreno. O estabelecimento deve ser inaugurado até as Olimpíadas de 2016. Outra instalação prevista em contrato é o prédio para receber o centro de transmissões dos Jogos, que após o evento terá as instalações convertidas em salas comerciais.
— A proposta é que esse novo hotel tenha 400 leitos. A intenção é começarmos as obras já no ano que vem. Estamos em negociações com várias redes hoteleiras interessadas em se associar ao projeto — disse o presidente do consórcio Rio Mais, Fernando Pacheco.
O plano para conversão do centro de transmissões após os Jogos de 2016 ainda não foi fechado. Existe a possibilidade de que as salas comerciais sejam vendidas antes mesmo das Olimpíadas. Fernando disse que serão feitos estudos de demanda do mercado:
— Poderíamos ter até 600 salas de 30 metros quadrados. Mas pode ser que haja demanda por salas maiores.