29/08/2013 13h39 - Atualizado em 29/08/2013 13h39

Aposentado aos 37, megainvestidor Jim Rogers critica economia do Brasil

Em entrevista ao G1, ele desaprova ação do BC sobre controle cambial.
Lendário no mercado americano, Rogers estará no Brasil no sábado (31).

Anay CuryDo G1, em São Paulo

A recente estratégia do Banco Central brasileiro para tentar conter a disparada do dólar, que inclui leilões diários de venda de moedas no mercado futuro, não é bem vista  pelo lendário investidor norte-americano – e um dos maiores do mundo – Jim Rogers, de 70 anos, que há mais de quatro décadas, ao lado de George Soros, criou o fundo de investimento com a maior valorização na história do capitalismo – 4.000% em dez anos –, e sentiu que poderia se aposentar no auge dos seus 37 anos e dar duas voltas ao mundo anos depois.

Jim Rogers, em imagem de arquivo (Foto: AFP)Jim Rogers, em imagem de arquivo (Foto: AFP)

"O Banco Central não deve tentar controlar a moeda. Deve deixar que o mercado faço isso sozinho. Seria uma melhor saída. A economia brasileira deveria estar indo bem, mas o governo tem cometido sucessivos erros", disse Rogers em entrevista exclusiva ao G1 por telefone, de Cingapura, para onde se mudou em 2007, com o objetivo de acompanhar de perto a economia asiática. O investidor estará no Brasil neste sábado (31) para participar do 6º Congresso Internacional de Mercados Financeiro e de Capitais da BM&FBovespa, em Campos do Jordão.

Durante a entrevista, Rogers também criticou a falta de abertura do país ao capital estrangeiro, mantida pelo governo atual, que prejudica o comércio bilateral, principalmente com seus grandes parceiros: os asiáticos. "A abertura ao capital deveria ser maior. O Brasil precisa de capital estrangeiro e expertise de fora, mas o governo continua cometendo erros", afirma o megainvestidor.

As críticas de Rogers também são direcionadas à agricultura brasileira que, em sua opinião, recebe poucos investimentos diante do poder que possui dentro da economia e da contribuição que poderia dar se fosse tratada com "mais atenção" pelo governo. Em 2009, em entrevista à revista "Veja", Rogers disse que a riqueza viria dos campos e que os operadores da Bolsa de Nova York teriam de procurar emprego como motoristas de táxi. Passados quatro anos, o investidor ainda vê a agricultura como o grande filão mal aproveitado pelos países, como o Brasil.

"A agricultura brasileira, especificamente, deveria estar muito melhor do que está hoje, porque tem condições", afirmou. O Brasil, segundo o investidor, passa por um bom momento em relação às commodities que produz, mas erra ao fechar o mercado para investidores estrangeiros e controlar o câmbio.

Se suas avaliações sobre a condução da política econômica não são positivas, suas perspectivas sobre a economia mundial são ainda piores. Rogers disse acreditar que, enquanto países como Estados Unidos e Japão continuarem injetando moeda nos mercados, os dados econômicos serão positivos e mostrarão uma falsa recuperação. "O problema aparecerá quando os bancos centrais desses países pararem de imprimir dinheiro artificial, e o mundo perceber que a crise continuará viva", disse. 

Conhecido por suas gravatas-borboletas coloridas e pelos inúmeros livros que escreveu, Rogers, que tem dois filhos, deu duas voltas ao mundo – uma de moto e outra de carro – traçando os perfis de investimento de muitos países que conheceu.

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