30/08/2013 15h51 - Atualizado em 30/08/2013 16h10

PIB acima de 2% elevaria a inflação, diz ex-presidente do BC

Pérsio Arida participa do Congresso Internacional da Bovespa, em SP.
'Economia está mais aquecida do que poderia', afirmou.

Anay CuryDo G1, em Campos do Jordão (SP)

Pérsio Arida, em Congresso da bolsa (Foto: Agência Luz/Divulgação Bovespa)Pérsio Arida, em Congresso da bolsa (Foto:
Agência Luz/Divulgação Bovespa)

O ex-presidente do Banco Central e do BNDES – hoje sócio do banco BTG Pactual – disse nesta sexta-feira (30) que o Brasil não pode crescer mais que 2% ao ano sem pressionar a inflação.

“Estamos numa rota de baixo crescimento, que faz com que hoje a economia se comporte como uma economia muito mais aquecida do que poderia ser”, afirmou Arida durante o 6º Congresso Internacional de Mercados Financeiro e de Capitais, em Campos do Jordão. 

Segundo o ex-presidente do BC, a preocupação maior que se tem hoje sobre o crescimento brasileiro ocorre porque a produtividade do mercado de trabalho é baixa e vem caindo.

“Nossa produtividade, infelizmente, é baixa e está caindo ao longo do tempo. O motivo pelo qual está caindo é difícil dizer exatamente, porque a produtividade capta tudo o que vai de errado e tudo o que vai certo na economia. Na verdade, a queda da produtividade é resultado de distorções massivas microeconômicas e de uma economia fechada para o mercado exterior. A taxa de crescimento potencial poderia ser mais alta, mas o Brasil hoje não pode crescer muito mais do que 2% ao ano sem pressionar a inflação.”
 

A economia brasileira cresceu 1,5% no segundo trimestre deste ano, na comparação com os três meses anteriores, segundo dados divulgados nesta sexta-feira (30) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). É o melhor resultado desde o primeiro trimestre de 2010, quando a alta foi de 2%. No primeiro trimestre de 2013, a alta foi de 0,6%. O destaque neste segundo trimestre foi para agropecuária, com crescimento de 3,9% ante o primeiro, seguida por indústria, com alta de 2%, e serviços, com alta 0,8%.

Sobre as decisões frequentes do Banco Central, de elevar a taxa de juros, Arida afirmou que os motivos são cristalinos. “A taxa de juros no Brasil ainda está baixa demais, perto do que precisaria para estabilizar a inflação. Primeiro porque, provavelmente, a taxa de desemprego está baixa demais. Precisaríamos de algo em torno de 6,5%, 7% para manter a taxa de inflação”, disse.

Para o sócio do BTG, diante da política expansionista e do mercado de trabalho, o Banco Central tem optado por elevar os juros – o que aponta “que deverá continuar”. Segundo ele, há preocupação por conta das eleições do ano que vem, que torna "a questão inflacionária mais crítica". "Mas, seja como for, eu acho que essa trajetória contracionista do Banco Central vai continuar um tempo ainda razoavelmente longo.”

tópicos:
veja também
Shopping
    busca de produtoscompare preços de