Economia

Dilma defende Mantega e diz que ele é quem comanda economia

‘Não senhor, eu comando o país’, afirmou a presidente ao ser questionada rumos da economia são decididos por ela

BRASÍLIA — Em meio às seguidas notícias negativas no setor econômico, a presidente Dilma Rousseff negou que esteja interferindo na área. Indagada na saída da cerimônia em Fortaleza (CE) se em seu governo ela mesma é que estaria comandando a economia, a presidente reagiu:

— Não senhor, eu comando o país. A economia quem comanda é o ministro Mantega. Eu administro o Brasil — disse Dilma.

Na quinta-feira, durante a reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, em Brasília, Dilma garantiu que a inflação fechará o ano dentro da meta estabelecida pelo governo, cujo o teto é de 6,5%.

Além disso, criticou "as posturas pessimistas" em relação à economia nacional.A presidente participou hoje da inauguração de duas estações do metrô de Fortaleza e da cerimônia de formatura de alunos do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec). Dilma ainda defendeu o programa social Bolsa Família e garantiu sua continuidade "até o último brasileiro necessitado".

A forte desconfiança do mercado em relação ao compromisso do governo com a política fiscal tem alimentado rumores de mudanças na equipe econômica nos últimos dias. Interlocutores da presidente Dilma Rousseff afirmam que os dois nomes de maior peso na equipe e que poderiam ser trocados numa eventual reforma seriam o de Guido Mantega (ministro da Fazenda) e Arno Augustin, secretário do Tesouro.

Com constante pressão da imprensa estrangeira pela demissão de Mantega, Dilma já saiu em defesa do ministro em outras ocasiões. Em dezembro do ano passado, a presidente criticou a sugestão da revista britânica The Economist de que para não perder a confiança dos investidores, Dilma deveria demitir Mantega.

No artigo intitulado “Uma quebra de confiança”, que repercutia o resultado do PIB brasileiro no trimestre, muito abaixo das expectativas de Mantega, a revista afirmou que, se Dilma quiser uma segunda chance, precisa mudar sua equipe econômica.

Em junho deste ano, a revista britânica voltou a criticar Mantega, ao afirmar ironicamente que, já que as avaliações anteriores da revista britânica tornaram-no “intocável”, pedirá agora que ele continue em seu cargo. “Foi amplamente noticiado no Brasil que nossa impertinência teve o efeito de tornar o ministro da Fazenda intocável. Agora, vamos tentar um novo caminho. Pedimos que a presidente (Dilma Rousseff) mantenha-o a todos os custos: ele é um grande sucesso”, afirmou a The Economist em editorial.

Além disso, a equipe econômica está dividida em relação ao tamanho do corte que precisa ser feito no Orçamento para garantir o cumprimento do superávit primário de 2,3% do Produto Interno Bruto (PIB) prometido pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, para 2013. Enquanto a Fazenda defende que o valor fique entre R$ 10 bilhões e R$ 14 bilhões, outras pastas alegam que o número deveria ser abaixo de R$ 10 bilhões, para não comprometer ainda mais o crescimento da economia, que não deve chegar nem a 3% este ano.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, reafirmou que qualquer gasto adicional que o governo venha a fazer terá de vir acompanhado de uma redução em outra área, para manter o quadro fiscal sólido.

Reforma política

Mesmo após ver praticamente enterrada a chance de plebiscito com efeito para as eleições de 2014, Dilma voltou a defender a consulta popular para definição do que chamou de "norte" da reforma política. De acordo com a presidente, as transformações vividas pela sociedade brasileira nos últimos anos pedem que o sistema de representação seja reformado.

— O Brasil precisa adequar, atualizar e modernizar o seu sistema político — disse a presidente.

Nesse ínterim, Dilma defendeu o referendo como a forma mais eficiente de fazer a reforma ir ao encontro dos anseios populares.

— É importante que se consulte a população para ter as balizas dessa reforma. Eu diria o norte dessa reforma — completou.

Na sua avaliação, devem ser consultadas questões como o financiamento público ou privado de campanha e "todas as questões que vão definir a institucionalidade desse país".

— Por isso, a reforma é importante — defendeu a presidente. Dilma participou hoje da inauguração de duas estações do metrô de Fortaleza e da cerimônia de formatura de alunos do Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (Pronatec).

(Com Agências Internacionais)