19/08/2013 21h08 - Atualizado em 19/08/2013 21h49

Situação do câmbio está 'estressada, mas sob controle', diz Mantega

Ministro advertiu investidores para não fazerem 'apostas arriscadas'.
Dólar registrou sexta alta consecutiva e fechou a R$ 2,41 nesta segunda.

Simone CunhaDo G1, em São Paulo

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse nesta segunda-feira (19), que a situação do dólar, embora estressada, está sob controle. Ele mandou um recado aos investidores dizendo que, não esqueçam que o câmbio é flutuante e não façam apostas arriscadas.

“Eu só queria dizer que câmbio do Brasil é flutuante. Ele flutua para os dois lados, tanto para a desvalorização como poderá flutuar para a valorização (do real). Não se esqueçam que isso já aconteceu recentemente. É preciso tomar cuidado para não se entusiasmar e achar – como tenho visto alguns analistas – que esse câmbio vai muito longe”, disse o ministro, durante evento em São Paulo. "Se o câmbio for, ele volta", disse.

Segundo ele, há um componente especulativo na alta do dólar, apesar de haver também um ajustamento do valor da moeda. “Esse é um movimento de ajustamento, mas que tem alguns componentes especulativos. Você sabe que vai diminuir o estímulo monetário americano, você não sabe quando nem como”, afirmou.

Mantega disse que o dólar pode voltar atrás, mas que a moeda “não tem teto e não tem piso”. “O que fazemos é deixar uma flutuação semelhante a outros países, uma flutuação normal, mas evitando exageros. O dólar não tem teto e não tem piso”, afirmou.

É natural, segundo Mantega, que se queira apostar na alta do dólar. Ele apontou ainda que fundos de hedge estão comprando dólar no mercado futuro para poder ter ganhos. “Mas assim como estão ganhando agora, amanhã poderão estar perdendo porque as cotações podem voltar atrás”, disse.

Efeito na inflação
Mesmo qualificando a situação como "tranquila", Mantega afirmou que o câmbio deverá influenciar a inflação. “Não sabemos onde isso (o câmbio) vai parar mais, pode parar mais baixo, e alguma influência deverá ter. ainda não teve, mas poderá ter, é claro”, disse.

Segundo o ministro, no entanto, há "antídotos" que podem ser usados, como a redução das tarifas de alguns insumos.

Ação do BC
Ele disse que, no Brasil, o que está sendo feito é dar liquidez á moeda por meio dos leilões. “O BC está dando liquidez de câmbio de juros. E portanto podemos dizer que, embora estressada, a situação está sob controle”, afirmou.

“Estamos com o Tesouro de prontidão para fazer os leilões a qualquer momentos, a todo dia. E o Banco Central também fazendo leilões de swap todo dia”, afirmou.

O minstro disse que não há necessidade de aumentar o arsenal usado contra o dólar – por exemplo, para além da venda de moeda à vista anunciada para esta terça –, mas disse que o governo tem mais armas, caso necessário. “O governo tem mais instrumentos do que esses que estão sendo usados”, disse.

Ele avalia que as medidas tomadas nesta segunda para conter a alta do dólar tiveram efeito. “Adiantaram, se você levar em consideração que hoje foi um dia lá fora mais estressado, que houve uma alteração mais forte de mudança de posição nos Estados Unidos”, disse. “Nada impede que nos próximos dias isso venha a se acalmar ou não”.

O país está tranquilo, segundo o ministro, porque está havendo a entrada de recursos, e a bolsa tem tido alta. “Por tanto não há nenhum temor de que possa haver algum problema maior, a situação está sob controle”, disse. No entanto, ele citou que o país tem US$ 370 bilhões em reservas caso seja necessária uma intervenção mais forte no câmbio.

EUA
Segundo Mantega, a especulação sobre o próximo presidente do Banco Central dos Estados Unidos também influencia na cotação do dólar. A aposta em Larry Summers, por exemplo, faz com que muitos acreditem que os estímulos serão cortados. “Tem um pouco de especulação e também uma mudança do rendimento dos títulos americanos".

Ele disse que é possível que o mercado pode refluir quando medidas forem tomadas pelo Fed. “Aí quando você faz a medida, ela pode ser até mais fraca do que se imaginou e o mercado reflui”, disse.

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