20/08/2013 17h00 - Atualizado em 20/08/2013 21h24

Dólar fecha em queda após seis altas, em dia de mais atuação do BC

Moeda americana perdeu 0,9%, para R$ 2,3941.
BC realizou três leilões, injetando quase US$ 6 bi, e endureceu discurso.

Da Reuters

O dólar fechou em queda em relação ao real nesta terça-feira (20), embora ainda esteja perto dos R$ 2,40, após o Banco Central endurecer o seu discurso e as suas atuações, que alcançaram quase US$ 6 bilhões.

A moeda americana perdeu 0,9%, a R$ 2,3941, depois de ter caído mais de 1%, a R$ 2,3846 na mínima do dia. Veja cotação

Na semana, o dólar tem queda de 0,08%. No mês a valorização é de 4,89% e no ano, de 17,09%.

"As atuações do Banco Central aumentaram a liquidez no mercado, mas a desvalorização ainda é tímida diante do que foi anunciado. O que está segurando o mercado ainda é o pessimismo do investidor com o Brasil", afirmou um operador de câmbio de banco estrangeiro.

Leilões
Para derrubar a cotação da moeda norte-americana, a autoridade monetária realizou dois leilões de swap cambial tradicional e um leilão de venda de dólares com compromisso de compra. Nas duas ofertas de swap, o BC vendeu todos os 20 mil contratos. No primeiro leilão, foram oferecidos novos papéis com vencimento em 2 de janeiro do ano que vem, com volume financeiro de US$ 993,4 milhões. No segundo, de rolagem e prazo para 1º de abril de 2014, o volume financeiro foi de US$ 986,3 milhões.

Depois, o BC realizou leilão de linha, no qual foram ofertados US$ 4 bilhões no mercado à vista, com compromisso de recompra. Logo após os horários finais das ofertas, a divisa manteve o ritmo de queda.

Assista no vídeo ao lado: economista defende o uso das reservas internacionais para conter a alta do dólar

Os operadores afirmaram que o efeito na cotação do leilão de linha é minimizado porque os bancos compram o dólar e sabem que terão de devolvê-lo nas duas datas estipuladas pelo BC: 2 de janeiro e 1º de abril de 2014. "A exposição dos bancos fica zerada. O efeito na cotação é menor. O efeito é de prover liquidez", afirmou outro operador de banco brasileiro.

O BC demonstrou na segunda-feira determinação na tarefa de conter o movimento de valorização do dólar em relação ao real. A divisa vem numa sequência de escalada que a fez romper o patamar R$ 2,42 no intradia na véspera, quando acabou fechando com alta de 0,83%, a R$ 2,4159, reforçando a maior cotação em mais de quatro anos.

Além dos leilões, o presidente da autoridade monetária, Alexandre Tombini, sublinhou que aqueles que "apostam em movimentos unidirecionais da moeda" poderão ter perdas e reforçou que continuará ofertando proteção aos agentes econômicos e liquidez aos mercados. "As cotações oscilam e a concentração de posições em uma única direção poderá trazer perdas aos que apostam em movimentos unidirecionais da moeda", disse Tombini por meio de nota.

Governo
Em discurso durante evento no Palácio do Planalto, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, afirmou que a alta do dólar “está preocupando”. A moeda norte-americana atingiu R$ 2,41 nesta segunda-feira (19), maior cotação desde março de 2009.

Já o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel, disse que o dólar está "ótimo" e está "chegando ao ponto que precisa".  A moeda norte-americana atingiu R$ 2,41 nesta segunda-feira (19), maior cotação desde março de 2009. “Quando o dólar estava barato reclamavam que a indústria estava mal. Agora que o dólar subiu vão continuar reclamando? Eu acho que está ótimo e estamos chegando ao ponto que precisa”, disse.

Suavização da alta
O economista do Deutsche Bank Securities José Carlos Faria, em relatório, reforçou que a intervenção do Banco Central tem como objetivo suavizar a valorização, e não interrompê-la.

E lançou dúvidas sobre a autonomia do BC para conduzir a política monetária. "O Banco Central aparentemente teme os efeitos potenciais (do câmbio) na inflação... Uma das principais questões é saber se as autoridades do BC terão autonomia para apertar a política monetária para controlar a inflação caso a depreciação do real persista", informou o banco em nota.

Para o banco japonês Nomura, as atuações do BC levam a crer que o padrão de equilíbrio da moeda, após esse movimento de "overshooting", está ao redor de R$ 2,30. "Acreditamos que o patamar está ao redor de R$ 2,30, um nível que o BC já defendeu", afirmou o diretor de pesquisa para mercados emergentes da instituição, Tony Volpon.

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