25/10/2013 10h44 - Atualizado em 25/10/2013 12h48

Em mês de queda do dólar, gastos no exterior batem novo recorde, diz BC

Em setembro, despesas lá fora somaram US$ 2,16 bilhões, aponta BC.
Na parcial deste ano, despesas somam US$ 18,9 bilhões, também recorde.

Alexandro MartelloDo G1, em Brasília

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Ainda há oportunidade em termos de promoções e custos em países destino que mostram recuperação lenta [da crise financeira], como na Europa e Estados Unidos."
Tulio Maciel, chefe do Departamento Econômico do BC

Em um mês marcado pela forte queda do dólar, os gastos dos brasileiros no exterior continuaram batendo recorde, mostrou nesta sexta-feira (25) o Banco Central.

Em setembro, quando a moeda norte-americana teve queda de 7%, para R$ 2,21, contra R$ 2,38 no fechamento de agosto, os gastos de brasileiros no exterior somaram US$ 2,16 bilhões – o maior valor já registrado para este mês.

Até o momento, a maior despesa lá fora, em meses de setembro, havia sido registrada em 2011 (US$ 1,79 bilhão). Sobre o ano passado, quando os gastos no exterior somaram US$ 1,7 bilhão, o crescimento foi de 27,3%.

"O brasileiro continua viajando. Emprego e ganhos reais de salário continuam crescendo. Ainda há oportunidade em termos de promoções e custos em países destino que mostram recuperação lenta [da crise financeira], como na Europa e Estados Unidos. Ainda apresentam boas oportunidades [de preços] para os turistas", avaliou o chefe do Departamento Econômico do BC, Tulio Maciel.

Cotação do dólar
A moeda norte-americana começou a subir, neste ano, partir de meados do mês de maio por conta da sinalização do Federal Reserve (Fed, o BC norte-americano) de que poderia começar a retirar estímulos da economia dos Estados Unidos. Até então, vinha sendo negociada ao redor de R$ 2.

Com a disparada do dólar, a moeda chegou a ser cotado em R$ 2,45 em meados de agosto. No fim daquele mês, porém, o BC brasileiro anunciou um programa de oferta de leilões de "swap cambial" (que equivalem à venda de dólares no mercado futuro), além de leilões de divisas com compromisso de recompra, e a moeda americana começou a recuar.

Entre 22 de agosto e 21 de outubro, o dólar caiu 12%, conforme destacou o Banco Central nesta semana. Com isso, o real liderou o processo de valorização, em comparação com outras moedas neste período. Nesta sexta-feira, por volta das 10h55, o dólar estava sendo negociado a R$ 2,18.

Impacto da queda do dólar
A queda do dólar, segundo economistas, barateia, por exemplo, as passagens e hotéis no exterior. Entretento, especialistas lembram que essas aquisições geralmente são feitas com alguns meses de antecedência.

A queda da  moeda norte-americana, porém, já pôde ser sentida, no mês passado, para quem comprou dólares nas instituições financeiras no período, ou, ainda, para o fechamento das faturas de cartão de crédito, por exemplo.

Independente da variação do dólar, o aumento dos gastos no exterior neste ano está relacionado, segundo economistas, com a continuidade do crescimento do emprego e da renda no Brasil, mesmo com um ritmo menor de expansão e também com os baixos preços de produtos em alguns países.

Parcial do ano também é recorde
Ainda de acordo com o Banco Central, as despesas lá fora somaram US$ 18,93 bilhões nos nove primeiros meses deste ano - valor que representa novo recorde histórico para o período. Sobre o mesmo período do ano passado (US$ 14,63 bilhões), houve um aumento de 15,9%.

Histórico de gastos no exterior
Em 2012, os gastos no exterior somaram US$ 22,2 bilhões e bateram recorde para um ano fechado. Em 2011, as despesas de brasileiros lá fora haviam somado US$ 21,2 bilhões. Deste modo, o crescimento, de 2011 para 2012, foi de 4,5%.

Até 1994, quando foi editado o Plano Real, que conteve a hiperinflação no Brasil, os gastos de brasileiros no exterior não tinham atingido a barreira dos US$ 2 bilhões. Naquele ano, somaram US$ 2,23 bilhões. Entre 1996 e 1998, as despesas no exterior oscilaram entre US$ 4 bilhões e US$ 5,7 bilhões.

Com a maxidesvalorização cambial de 1999, com o dólar subindo para acima de R$ 3 em um primeiro momento, as despesas no exterior também ficaram mais caras. Com isso, os gastos no exterior voltaram a recuar e ficaram, naquele ano, próximos de US$ 3 bilhões.

As despesas de brasileiros no exterior voltaram a atingir a barreira de US$ 5 bilhões por ano somente em 2006. Desde então, têm apresentado forte crescimento. Em 2007, 2008 e 2009, por exemplo, atingiram, respectivamente, US$ 8,2 bilhões, US$ 10,9 bilhões e US$ 10,8 bilhões.

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