Economia

Ambev melhora no segmento de cervejas, mas lucro no 2º tri vem abaixo do esperado

Resultado da maior fabricante de bebidas da América Latina foi de R$ 1,8 bi, contra expectativa de R$ 2,08 bi

SÃO PAULO - A Ambev teve lucro líquido 1,1% menor no segundo trimestre ante igual período do ano passado, obtendo melhorias no volume de vendas de cerveja no Brasil, mas sendo impactada por aumento de custos e despesas, além de impostos mais altos. O lucro líquido da maior fabricante de bebidas da América Latina foi de R$ 1,88 bilhão entre abril e junho, com a geração de caixa medida pelo lucro antes de antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) de R$ 3,21 bilhões, crescimento de 9,5% na comparação anual.

No mesmo intervalo, a margem Ebitda caiu de 43% para 42,8%. Analistas esperavam Ebitda praticamente em linha com o apresentado pela empresa, de R$ 3,23 bilhões. O lucro líquido, por outro lado, veio abaixo da estimativa de R$ 2,08 bilhões, segundo a média de estimativas recolhidas pela Reuters.

Em relatório, analistas do Goldman Sachs saudaram a melhoria do volume de cervejas vendido no Brasil, mas ressalvaram que a Ambev enfrentará um ambiente difícil até o fim de 2013.

“As metas para o ano ... implicam uma aceleração sequencial (de volumes) no segundo semestre, que é desafiadora. A pressão de custos sobre refrigerantes também continua, levando a uma base desafiadora para aumentos de preços tanto para cervejas quanto para refrigerantes”, disseram.

Apesar de ter mostrado queda no volume de vendas de bebidas pelo segundo trimestre consecutivo, com recuo de 1,1%, a Ambev conseguiu aumentar a receita líquida em 9,9% no mesmo período, para R$ 7,5 bilhões.

Para tanto, a companhia contou com aumento de preços dos produtos, refletido no crescimento de 11,1% na receita líquida por hectolitro. Mas a estratégia não foi suficiente para a Ambev apresentar avanço no lucro, num trimestre em que lidou com encargos não-operacionais mais altos: despesas com imposto de renda avançaram 35%, para R$ 528 milhões, e o resultado financeiro ficou negativo em R$ 268 milhões, alta de 44,3%.

Também houve elevação de 14,8% nas despesas, na esteira de maiores investimentos em vendas e marketing na Copa das Confederações, em que marcas da companhia foram patrocinadoras oficiais.

A Ambev citou gastos maiores com hedge contra a desvalorização do real contra o dólar como o principal fator adverso para o aumento dos custos, que subiram 12,7% no trimestre encerrado em junho. Depreciação industrial nos investimentos feitos no Brasil, mudanças no mix de embalagens adotadas e uma “difícil comparação” na categoria de refrigerantes no país, seu principal mercado, também pesaram contra, disse a Ambev no balanço.

O custo por hectolitro dos refrigerantes subiu 19,7% no Brasil, ainda afetado pelo ajuste tributário de outubro passado, ao mesmo tempo em que o volume de vendas da categoria caiu 4,7%.

Retrato positivo no mercado de cervejas

O retrato foi mais positivo no segmento de cervejas, com boa recuperação ante o primeiro trimestre e recebendo ajuda da Copa das Confederações, apesar dos volumes ainda operarem no campo negativo. O recuo no volume vendido no Brasil foi de 0,4% entre abril e junho, contra mergulho de 8,2% no primeiro trimestre do ano, quando a empresa afirmou que via um ano difícil pela frente.

“A pressão do primeiro trimestre sobre a renda disponível começou a se atenuar”, afirmou a Ambev no balanço, lembrando o efeito positivo da melhoria nas condições climáticas e boa execução de iniciativas comerciais. “Ainda há muito a ser feito, mas acreditamos que nossa decisão de reagir rapidamente e ajustar os planos para o ano direcionando nosso foco para nossa estratégia de embalagens está começando a se traduzir em melhores resultados para cerveja no Brasil”, disse a Ambev.

A companhia acrescentou que espera que a indústria de cerveja no país encerre 2013 estável ou com queda de um dígito baixo. A companhia manteve as metas de crescimento de receita líquida por hectolitro de um dígito alto no ano e da manutenção das despesas abaixo da inflação.

“Adicionalmente, continuamos comprometidos a investir ao redor de R$ 3 bilhões no Brasil em 2013 para buscar as oportunidades de médio e longo prazo que o mercado tem a oferecer”, disse a empresa.