(Foto: Divulgação/ GM Brasil)
Após quase 10 horas de negociação, terminou mais uma vez sem acordo a reunião desta segunda (3) entre o sindicato dos metalúrgicos e a direção da General Motors na tentativa de atrair R$ 2,5 bilhões para a planta de São José dos Campos. Apesar do avanço na definição do piso salarial para novos trabalhadores, o impasse se mantém quanto a garantia de estabilidade no emprego, a duração do acordo e a definição do valor da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) a longo prazo. Uma nova reunião foi agendada para a próxima segunda (10).
A GM recuou após oferecer piso salarial de R$ 1.560 no encontro de quarta-feira (29) e elevou a proposta para R$ 1.700 para novos trabalhadores - o teto ainda não foi definido, mas o piso atende ao pedido do sindicato.
O problema é que as partes ainda divergem quanto aos pedidos da montadora de fixar a PLR em R$ 8 mil a partir de 2016 para os novos contratados e a durabilidade do total do acordo em 12 anos, com correções baseadas apenas na inflação a partir de setembro de 2014.
Do outro lado, o sindicato cobra garantia na manutenção dos empregos 6.600 postos de trabalho, incluindo o Montangem de Veículos Automotores (MVA), que emprega cerca de 750 operários e que deve encerrar as atividades em dezembro. A GM não descarta as demissões no fim do prazo.
De acordo com a empresa, São José dos Campos continua tendo preferência na concorrência pelo aporte, que deve fazer com que a planta inicie a produção de um novo modelo em 2017 e gere cerca de 2.500 empregos. O veículo que será produzido é mantido sog sigilo pela montadora. Plantas de outros dois países e duas unidades no Brasil disputam o investimento da GM. A decisão será anunciada ainda neste mês.
Discussão
Para o secretário geral do Sindicato dos Metalúrgicos de São José, Luiz Carlos Prates 'Mancha', o entendimento depende principalmente da manutenção dos postos de trabalho na unidade durante a duração do acordo e do pacto sobre a PLR.
"Fixar a PLR a longo prazo, para trabalhadores que ainda sequer foram admitidos é ilegal e incompatível com o grau de lucro das montadoras, com as condições do mercado automobilístico. Além disso, as propostas de PLR precisam passar pela apreciação dos trabalhadores, o que não oconteceria no caso", afirmou durante entrevista coletiva no Ciesp de São José dos Campos. O tempo exato de vigor da PLR de R$ 8 mil não foi definido pela GM nesta reunião.
A entidade quer a estabilidade dos empregos porque teme que o rebaixamento do piso gere demissões na planta para reposição de efetivo com a nova grade salarial.
O diretor de relações institucionais da General Motors, Luiz Moan, afirmou que a GM chegou ao limite da negociação e sinaliza que para atrair o aporte, a planta da cidade precisa ser mais competitiva.
"Houve avanço, aceitamos o piso do sindicato, mas preciso do valor fixo da PLR para o futuro. Sobre a manutenção dos empregos, foi colocado claramente que o acordo de janeiro será estendido e que para reduzir o impacto (das demissões) vamos abrir um PDV com foco em aposentados e pré aposentados", disse. Sobre o período de validade do acordo, o sindicato ainda não defininiu a contraproposta, que está atrelada ao pacto pela PLR e empregos.
Moan sinalizou ainda que a GM e o sindicato tem no máximo até o próximo dia 17 para chegar a um acordo. Nenhum novo encontro foi agendado para esta semana.
Benefícios
No último dia 28, como parte das negociações para atrair o aporte, a prefeitura apresentou oficialmente a proposta da criação de um distrito industrial e a isenção de impostos.
A concretização da proposta para que São José dos Campos possa receber o investimento ainda depende de um acordo com os metalúrgicos, que devem votar as propostas definidas entre sindicato e empresa nos próximos dias.
A empresa sinaliza que o futuro do complexo industrial da GM em São José, depende deste acordo para atrair R$ 2,5 bilhões em investimentos.