O ministro da Fazenda, Guido Mantega, ligou nesta quinta-feira (1) para a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, para dizer que o Brasil apoia a liberação de recursos para a Grécia - que passa por dificuldades em honrar seus pagamentos há alguns anos.
Segundo a assessoria de imprensa do Ministério da Fazenda, Mantega disse que o representante do Brasil, e de mais 10 países da América Latina, Paulo Nogueira Batista, se equivocou ao abster-se da votação sobre a ajuda à Grécia. Ele não estava autorizado pelo governo brasileiro a tomar essa posição, afirmou o ministro. Mantega também informou, via assessoria, que mandou chamá-lo ao Brasil para dar explicações.
Na última segunda-feira (29), a diretoria executiva do FMI de liberou US$ 1,7 bilhão para a Grécia, o que elevou a € 28,4 bilhões (US$ 37,6 bilhões) o valor total já oferecido pelo FMI à Grécia.
Apesar da abstenção do representante brasileiros nesta última votação, os Estados Unidos e países europeus, que controlam a maioria dos votos no conselho executivo do FMI, até agora apoiam solidamente a Grécia, e neste mês o secretário norte-americano do Tesouro, Jack Lew, viajou a Atenas para reiterar essa posição.
Ao comunicar a abstenção do Brasil, e de outros países por ele representados, por meio de comunicado, Nogueira Batista disse que a implementação de reformas na Grécia tem sido "insatisfatória em quase todas áreas" e que "as suposições de sustentabilidade de crescimento e dívida continuam a ser otimistas demais".
Situação da Grécia
Apesar de ter usado quase 90% dos US$ 240 bilhões do resgate financeiro recebido desde 2010, a Grécia continua excluída dos mercados internacionais de títulos.
A sustentabilidade da dívida grega ainda depende de uma promessa dos demais países da zona do euro de oferecer um maior alívio creditício a Atenas – condição que está atrelada a dolorosos cortes orçamentários e a reformas impostas por credores, o que contribuiu para uma paralisante recessão.
Sob comando da Alemanha, a zona do euro prometeu considerar medidas brandas para ajudar a Grécia no ano que vem, como prorrogar o vencimento dos empréstimos do resgate, a fim de reduzir o nível de endividamento do país dos atuais 124% do PIB para 110% até 2022.
O FMI alertou que a Grécia precisa reduzir sua dívida mais intensa e rapidamente, a fim de estimular a confiança dos investidores e obter um crescimento econômico anual na faixa de 3%, podendo assim concluir o resgate financeiro.
Apesar de reduzir notavelmente seu déficit público desde 2010, a Grécia ainda precisa melhorar a arrecadação tributária e reduzir o desperdício governamental para cumprir suas metas fiscais, disse o FMI. Do contrário, o país precisará de novas medidas de austeridade, algo que poderá colocar em risco a frágil coalizão de governo.