Economia

Tarifa especial da Light terá desconto de 70%

Medida para evitar ‘gato’ será contrapartida a reajuste

Em Rio das Pedras, segundo a Light, há roubo de 80% da energia, num prejuízo de R$ 12 milhões por ano
Foto: Márcia Foletto/16-10-2013
Em Rio das Pedras, segundo a Light, há roubo de 80% da energia, num prejuízo de R$ 12 milhões por ano Foto: Márcia Foletto/16-10-2013

RIO - A Light deverá levar à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) uma proposta de tarifa diferenciada para áreas com muitos casos de furtos de energia (os “gatos”), semelhante ao projeto que a empresa desenvolve em algumas favelas pacificadas do Rio. A Aneel aprovou na terça-feira reajuste médio de 6,2% para consumidores residenciais da Light, que começa a valer nesta quinta, contrariando previsão inicial de redução na tarifa. Mas, como contrapartida, a empresa terá que apresentar um plano para diminuir o furto de energia.

Dentro deste plano, a Aneel exigiu uma tarifa diferenciada para áreas com muitos “gatos” e também para todas comunidades pacificadas do Rio. A proposta tem que ser apresentada em até 180 dias. Segundo o presidente da Light, Paulo Roberto Pinto, a ideia é adotar um desconto inicial de 70%. Ao longo de até dois anos, porém, a tarifa vai sendo recomposta até atingir o valor normal. Nesse período, a empresa adota um plano de conscientização dos moradores para reduzir o consumo de energia, que costuma ser alto nas moradias com “gato”.

Empresa terá que melhorar serviço

No plano de redução de perdas que apresentará à Aneel, a empresa se comprometerá também a instalar uma rede antifurto e a melhorar a qualidade do serviço. No índice da Aneel que mede a satisfação do consumidor, a Light teve 51,57% de aprovação em 2012. A empresa ocupou o 58º lugar entre 63 companhias do país.

- Hoje, perdemos quase R$ 2 bilhões por ano com desvios e desperdício, o nosso roubo de energia equivale ao consumo de todo o Espírito Santo - afirmou Pinto.

Sobre a tarifa diferenciada, Pinto explicou que a Light está aprimorando um projeto que tem dado resultado.

- Iniciamos no Dona Marta, onde havia muito desperdício, pois as pessoas não pagavam contas, deixavam o ar condicionado ligado “25” horas por dia, geladeira aberta, não havia interruptores para as lâmpadas. A média de consumo das casas era de 250 kwh (por mês), agora está em 120, 110 kwh, depois de nosso programa, que chegou a trocar 800 geladeiras na comunidade por modelos mais eficientes. Hoje, cobramos de 100% dos moradores e recebemos em dia de 98% deles, até porque a nossa rede é blindada, antifurto, e podemos cortar o fornecimento de forma remota - disse.

O presidente da Light esclareceu ainda que o valor obtido com o reajuste autorizado pela Aneel deverá ser aplicado em investimentos para reduzir as perdas e roubos de energia. Isso, no futuro, deve levar a uma diminuição da tarifa, segundo Pinto. Hoje, diz a empresa, a conta de luz dos cariocas seria 17% menor se não ocorressem os desvios.

- A Aneel nos jogou no colo essa responsabilidade, nos confiou isso. Agora, depende de nós aplicarmos bem estes recursos, teremos de investir R$ 1,25 bilhão (receita obtida com parte do reajuste). Deveremos mostrar redução dos desvios já em 2015 - disse.

Ele disse que depende de uma parceria com governo e autoridades de segurança pública para reduzir os “gatos”:

- Somente em Rio das Pedras, comunidade com 160 mil habitantes e 50 mil unidades consumidoras, temos 80% de energia roubada. E grande parte dos 20% que chegamos a medir não paga. Isso nos dá um prejuízo, apenas ali, de R$ 12 milhões por ano. Nossa atividade é restrita em comunidades violentas e com milícia - disse.

Pinto lembrou que essa proposta de tarifa diferenciada não se confunde com a tarifa social, benefício que atinge 190 mil consumidores da Light, ou 4% do total, que têm redução tarifária:

- A tarifa social tem regras, o programa é federal e somos compensados pela União por esse desconto.