05/06/2013 10h14 - Atualizado em 05/06/2013 10h40

Medida do IOF não é para ter efeito imediato, afirma Guido Mantega

Segundo ele, medida é para ter impacto no longo prazo.
'Queremos deixar livre para aplicações em títulos do governo brasileiro'.

Alexandro MartelloDo G1, em Brasília

Ao ser questionado nesta quarta-feira (5) se a decisão do governo de zerar o Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) sobre investimentos de estrangeiros em renda fixa no Brasil já estava surtindo efeito, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que a medida é de "longo prazo". "Não é para ter efeito imediato", acrescentou. Nesta manhã, a moeda norte-americana operava em queda superior a 1%.

(Correção: na publicação desta reportagem, o G1 informou incorretamente no título que o IOF havia aumentado. Na verdade, o imposto foi zerado. A informação foi corrigida às 10h33.)

"Queremos deixar  livre para aplicações em renda fixa, em títulos do governo brasileiro [para estrangeiros]. Na verdade, já havia aplicações, mas tínhamos diminuído muito sua rentabilidade com IOF de 6% [que vigorou até ontem]. Hoje, não faz muito sentido porque não há todo esse fluxo [de ingresso de dólares no Brasil] e porque também a rentabilidade caiu na medida em que a taxa de juros é bem diferente de quando nós estabelecemos essa medida em outubro de 2010 [quando os juros eram maiores]", disse o ministro a jornalistas.

De acordo com especialistas, porém, a medida tende a atrair mais capital para o país e, com isso, influenciar para baixo a cotação da moeda norte-americana - como já está acontecendo na abertura do pregão desta quarta-feira.

Dólar alto e a inflação
A medida do governo acontece em meio à valorização generalizada do dólar nos mercados mundiais e num momento de preocupação com a elevação dos preços no Brasil.

O dólar alto aumenta a competividade das vendas externas brasileiras, tornando-as mais baratas, e também encarece as importações. Ao mesmo tempo, porém, também pode impulsionar a inflação, uma vez que torna a compra de produtos importados do exterior mais caros, e esses preços mais altos são repassados para o mercado interno.

Em abril, o IPCA somou 0,55% e, no acumulado do ano, ficou em 2,50%, acima dos 1,87% relativos a igual período de 2012. No acumulado em 12 meses até abril deste ano, o IPCA teve alta de 6,49% e, assim, ficou no limite do teto da meta de inflação estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional, que é de 6,5%.

O ministro voltou a dizer, entretanto, que a zeragem do IOF para aplicações de estrangeiros em títulos de renda fixa no Brasil não tem por objetivo combater a inflação. "Porque a inflação é combatida de uma outra maneira [com alta de juros, como a promovida recentemente pelo BC]", declarou ele.

Segundo Mantega, o Tesouro Nacional não está com dificuldades em vender títulos públicos para investidores estrangeiros. "Estamos financiando muito bem a dívida brasileira, com tranquilidade. Não há nenhum problema desta natureza", afirmou ele.

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