RIO - As compras com cartão de crédito e débito já respondem por metade dos pagamentos dos brasileiros, apontou pesquisa da Associação Brasileira de Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), divulgada nesta terça-feira. É a primeira vez, desde que o levantamento começou a ser feito, em 2008, que os meios eletrônicos se equiparam ao dinheiro físico. Segundo o levantamento, ambos respondem por 50% dos pagamentos mensais. Na edição de 2012 do estudo, o dinheiro em espécie aparecia com leve vantagem de 52%.
A pesquisa, realizada pelo Instituto Datafolha em parceria com a Abecs, ouviu cerca de 4 mil pessoas, entre consumidores e donos de estabelecimento, de 11 capitais brasileiras entre maio e julho deste ano. Os dados mostram uma tendência de substituição de meios de pagamento. Enquanto as transações com cheque caíram 49% entre 2008 e o primeiro semestre de 2013, as com cartão de crédito avançaram 96% no mesmo período.
Além disso, a quantidade de estabelecimentos que aceitam cartão também cresceu. No primeiro semestre deste ano, o Brasil contava com 4,2 milhões de máquinas de cartão, um aumento de 70% em relação ao final de 2007. Segundo a Abecs, o faturamento médio por terminal é de R$ 15,3 mil por mês.
Para o economista Agnaldo Pereira, professor do MBA da Fundação Getulio Vargas (FGV), os meios eletrônicos seduzem os consumidores por apresentarem mais praticidade e segurança. Segundo ele, à medida que mais lojas aceitarem o dinheiro de plástico, o dinheiro de papel será usado cada vez menos.
- Se todo lugar que nós fôssemos tivesse uma máquina, acho que ninguém mais usaria dinheiro - diz o especialista, alertando para o perigo de descontrolar as finanças: - Se você vai comprar uma roupa de R$ 1 mil em dinheiro, certamente pensaria duas vezes. Mas em dez parcelas, o cálculo do consumidor é sobre as parcelas de R$ 100.
Apesar do alerta, a pesquisa da Abecs apontou queda na inadimplência com cartões de crédito. Em 2008, 49% dos entrevistados afirmavam já ter deixado de pagar o valor total da fatura do cartão. Já em 2013, o percentual caiu para 31%.
A percepção de que o setor cresce constantemente nos últimos anos é confirmada pelos números mais recentes do Banco Central sobre o setor. De acordo com os dados mais recentes da autarquia, do fim de 2012, o número de cartões ativos no Brasil aumentou 72%, chegando a cerca de 82 milhões no ano passado.
A penetração do serviço de cartão de crédito é maior nas classes mais altas e escolarizadas. Segundo a estimativa, entre os que têm curso superior, a posse de cartão chega a 93%. Já entre os que possuem apenas Ensino Fundamental, a penetração é de 56% e, nas classes D e E, de apenas 42%.