Economia

Recuperação judicial da OGX levanta dúvidas sobre economia brasileira, afirma imprensa internacional

“Uma queda impressionante para um magnata brasileiro”, sentencia o DealBook do “The New York Times”.

RIO - O pedido de recuperação judicial apresentado pela petrolífera OGX, do empresário Eike Batista, repercutiu nos principais veículos econômicos internacionais e lançou dúvidas sobre a o recente desempenho da economia brasileira. Para as publicações, Eike seria a personificação do boom que as economias emergentes viveram - com o aumento das commodities - mas que, apesar dos efeitos nestes países serem tardios na comparação com as nações desenvolvidas, a crise financeira atingiu, inevitavelmente, todos os países.

A edição impressa desta quinta-feira do jornal britânico "Financial Times" conta com reportagem de quase página inteira apresentando a "Queda de Batista". Para a publicação, a situação pela qual passa o empresário reflete com bastante similaridade a economia brasileira, que viveu período ´áureos de ascensão e, atualmente, conta com fraca performance. O “Financial Times” levanta um sinal amarelo alertando para a possibilidade da OGX perder os seus campos de exploração de petróleo. Também na Inglaterra, a "BBC" faz análise semelhante sobre a situação do empresário e os efeitos da quebra da companhia sobre o país e outras empresas.

O periódico americano  “The Wall Street Journal” afirma que a empresa ainda pode ter chances de se recuperar. “ Uma queda impressionante para um magnata brasileiro ”, sentencia o DealBook do “The New York Times”. Em outra reportagem, o jornal “The New York Times”, diz que o pedido de recuperação judicial marca justamente o maior calote da história de uma empresa da América Latina.

O “New York Times” fala em “queda titânica de US$ 5 bilhões”, referindo-se ao valor, em dólar, da dívida da petroleira, calculada em R$ 11,2 bilhões. A reportagem é ilustrada por uma foto do empresário ao lado da presidente Dilma Rousseff, relembrando o auge da carreira de Eike, quando a OGX era uma empresa promissora.

“A entrada do pedido pela petroleira OGX foi uma queda impressionante para Batista, que um dia foi símbolo do rápido crescimento do Brasil como potência econômica, mas mais recentemente tem representado uma elite brasileira que vê a si mesma acima das regras que governam a maior parte do país”, critica o “NYT”.

A análise do jornal americano compara a derrocada de Eike Batista à situação econômica do país, afirmando que a ascensão e a queda do empresário “espelham” o fraco desempenho recente do país.

“Os protestos de rua neste verão (inverno brasileiro) refletem o ressentimento dos brasileiros de que o governo canalizou recursos para projetos controlados por magnatas como Batista”, destaca a publicação, que destaca a reportagem sobre a petroleira brasileira na capa de sua edição internacional na Internet.

Na noite de quarta, a revista Forbes deu destaque ao episódio, relembrando que o empresário já ocupou a lista dos bilionários elaborada pela própria publicação, a Forbes intitula o pedido de recuperação judicial como “a morte do sonho brasileiro”.

“Há apenas dois anos, Eike Batista era um dos bilionários que enriquecia mais rápido, construindo um império de energia e logística apoiado em seguidas descobertas de petróleo, com a companhia anunciando que tinha mais de 10 bilhões de barris em reservas”, relata a matéria, acrescentando que o empreendedor tinha o sonho de ultrapassar Carlos Slim, Warren Buffett e Bill Gates, se tornando o homem mais rico do mundo.

A agência de notícias Bloomberg, cuja revista “Businessweek” ironizou, recentemente, a crise vivida por Eike Batista, também repercutiu a notícia. Assim como no artigo publicado em setembro pela revista, a matéria ressalta a perda avaliada em mais de US$ 30 bilhões na fortuna pessoal do empresário.