28/08/2013 07h00 - Atualizado em 28/08/2013 07h00

CPI dos Transportes em Ribeirão vai ouvir superintendente da Transerp

Latuf é um dos 9 convocados por comissão sobre Consórcio Pró-Urbano.
Concessionária é suspeita de atrasar cronograma de obras, diz vereador.

Rodolfo TiengoDo G1 Ribeirão e Franca

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instaurada para apurar irregularidades no contrato da Prefeitura de Ribeirão Preto (SP) com a concessionária responsável pelo transporte público na cidade ouvirá, na segunda-feira (2), o superintendente da Transerp – empresa ligada à administração municipal que gerencia o transporte - William Latuf. A data da primeira convocação foi confirmada nesta terça-feira (27) pelo vereador Ricardo Silva (PDT), presidente do comitê formado por nove parlamentares aprovado pela Câmara no início de agosto. O Consórcio Pró-Urbano, investigado pela CPI, nega as irregularidades investigadas, mas informou que está à disposição da Câmara. Em nota, a Prefeitura e a Transerp informaram que “atenderão as solicitações da CPI dentro dos tramites legais.”

Desde que foi instaurada, a CPI recebeu denúncias de que o Pró-Urbano, além de não pagar a taxa de administração mensal de R$ 175 mil desde maio à Transerp, não tem cumprido o cronograma de obras previsto em contrato assinado em 2012, como a construção de dois terminais urbanos e a instalação de novos pontos de recarga de passes.

Outra suspeita, de acordo com Silva, é de que dois ônibus da frota são mais velhos do que o anunciado pela empresa. Em pesquisa realizada por meio do número do Registro Nacional de Veículos Automotores (Renavam), o vereador disse que apurou que os veículos foram fabricados em 2009 e não em 2012, como sinalizam os ônibus. “Temos a foto dos veículos apontando o ano de 2012, mas pelo Renavam consta que são de 2009”, disse o presidente da comissão.

Na reunião com Latuf, marcada para as 16h no salão nobre da Câmara, a CPI pretende apurar até que ponto as denúncias procedem e qual o nível de atuação da Transerp em relação às supostas falhas do Consórcio Pró-Urbano. “Queremos saber oficialmente quais pontos do contrato o Consórcio estaria descumprindo e quais medidas a Transerp já adotou para poder cobrar. (...) Se a Prefeitura se mantiver inerte pode caracterizar em tese um eventual ato de omissão”, afirmou Silva.

Transporte coletivo de Ribeirão Preto pode ser beneficiado por polos geradores de tráfego, diz pesquisador da USP (Foto: Maurício Glauco / EPTV)CPI investiga transporte coletivo em Ribeirão Preto 
(Foto: Maurício Glauco / EPTV)

Além de Latuf, serão ouvidos no dia 9 José Mauro de Araújo e Reynaldo Lapate, respectivamente diretor de transportes e gerente de transporte da Transerp. Em data a ser agendada, outras seis pessoas prestarão depoimento, dentre elas a secretária de negócios jurídicos da Prefeitura, Vera Zanetti, e um representante do Pró-Urbano ainda não definido. O cronograma das próximas reuniões da CPI será confirmado no dia 2.  “Esses são os primeiros convocados. Durante a CPI podem ocorrer outras convocações."

Ainda foram convidados a falar, em data indefinida, André Lucirton Costa, professor da Faculdade de Economia e Administração da USP Ribeirão responsável por um estudo que analisou o contrato do transporte público no município, e o promotor da Cidadania, Sebastião Sérgio da Silveira. A prefeita Dárcy Vera (PSD) também poderá ser convidada a se pronunciar, dependendo do rumo das investigações, segundo Silva.

A CPI também solicitou uma série de documentos sobre a frota, sobre as notificações da Transerp ao consórcio, sobre o número de servidores que atuam na fiscalização da Prefeitura, entre outros casos.

Aprovada em 9 de agosto pela Câmara, a CPI dos Transportes é presidida por Ricardo Silva (PDT), tem como relator o vereador Marcos Papa (sem partido) e como membros os vereadores Genivaldo Gomes (PSD), Samuel Zanferdini (PMDB), Rodrigo Simões (PP), Beto Cangussu (PT), Viviane Alexandre (PPS), Bertinho Scandiuzzi (PSDB) e Walter Gomes (PR).

Pró-Urbano
Por telefone, o presidente do Consórcio Pró-Urbano, Roque Felício Netto, negou as denúncias investigadas pela CPI e informou que está à disposição da Câmara. Segundo ele, o representante que falará em nome da empresa no dia 9 ainda não foi definido.  “Independente de quem a gente eleja para ir à CPI estamos à disposição da Câmara para dirimir eventuais dúvidas”, disse.

Segundo ele, a construção dos terminais urbanos ainda está dentro do prazo e precisa ser entregue até maio de 2014. “O arquiteto está trabalhando faz alguns meses, ainda não foi finalizado o projeto, mas temos até 30 de setembro para estar com projeto totalmente aprovado”, afirmou.

Netto também confirmou que já quitou todos os débitos acumulados com a Transerp em relação à taxa de gerenciamento e fiscalização. De acordo com o presidente, o valor não tinha sido recolhido anteriormente por inadimplência de empresas integrantes do consórcio. “O consórcio é composto por quatro empresas. Se uma deixa de pagar, a taxa não pode ser recolhida.”

Ele também informou que a quantidade de pontos de recarga de cartões na cidade está dentro dos parâmetros e informou que os dois veículos apontados pelo vereador como de 2009 fazem parte de uma reserva que se limita a seis ônibus utilizados quando os mais novos estão em manutenção. “99% da frota que opera na cidade é 0 km”, disse.

Prefeitura
Procurada pelo G1, a Prefeitura informou que já notificou o consórcio para que o contrato seja cumprido e para que os prazos contratuais sejam respeitados. “Em reunião na última segunda-feira (26) com representantes do Consórcio Pró-Urbano, a prefeita Dárcy Vera ressaltou a importância do cumprimento das cláusulas e prazos contratuais”, disse. Sobre a convocação de Latuf à CPI, a administração municipal informou que atenderá as solicitações dentro dos trâmites legais.

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