O Brasil está passando muito bem por uma das mais graves crises do capitalismo contemporâneo, acredita Márcio Holland, secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda. “O Brasil se tornou, no meio desta crise internacional, um pais de grandes oportunidades, de grande oportunidade do investimento e, ao mesmo tempo, um país que tem procurado acertar a sua política econômica na direção de melhorar o ambiente de negócio”, disse nesta terça-feira (7), durante evento em São Paulo.
Ao citar o cenário internacional, Holland lembrou que muitos países vêm promovendo o que se chama de política de austeridade fiscal e os bancos centrais de vários países têm praticado uma política expansionista por meio de uma política monetária de taxa de juros zero por um longo período de tempo.
“Certamente isso é desafiador, isso vai promover alguma mudança na estrutura monetária internacional que nós ainda, como economistas, não sabemos. (...) Nós estamos vivendo realmente num período não normal, onde economias centrais avançadas não encontram caminhos adequados para suas políticas econômicas”, disse.
Para Holland, o Brasil tem demonstrado uma capacidade muito interessante de retomada do crescimento. “Não estamos falando apenas de crescimento do PIB, estamos falando de crescimento do PIB com manutenção da taxa de desemprego muito baixa, em condições de custo financeiro do investimento como nunca tivemos antes na história da economia brasileira, em condições de redução de custo tributário, com imensa oportunidade de investimento no campo da infraestrutura, do setor produtivo, em um ambiente democrático de boa qualidade institucional. São poucos os países que têm essas características combinadas.”
Inflação
Questionado pelos jornalistas sobre a expectativa para a inflação, Holland afirmou que o próximo resultado já deve vir “abaixo do texto da meta, de 6,5%”. Na quarta-feira, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de abril.
Sobre quanto deve crescer a produção industrial este ano, o secretário de Política Econômica afirmou que a expectativa é que ela cresça acima do PIB. Embora o mercado já cogite a possibilidade de a economia brasileira crescer menos de 3% este ano, Holland afirmou que o governo mantém a expectativa de alta de 3,5%, em média, para o PIB.
“Está muito cedo para qualquer avaliação a respeito, tem muito pouco dado (sobre expectativa do mercado). O dado do PIB do trimestre ainda não saiu, os dados que temos são até março, alguns dados de sondagem até abril, e todos os dados mostram indicadores muito bons. A produção de caminhões está muito bem, a produção de veículos está muito boa, a produção de vários outros setores da economia anda muito forte, o consumo continua bom, o desemprego continua muito baixo, o rendimento médio real do trabalhador continua crescendo, o que indica que a economia brasileira tem um dinamismo muito relevante para o crescimento econômico sustentado.”
Para Holland, o resultado das contas externas brasileiras é “extremamente temporário, transitório”.
Márcio Holland substituiu Guido Mantega, no evento e disse que o ministro da Fazenda “está discutindo intensamente” nesta terça a reforma do ICMS.
