07/05/2013 15h53 - Atualizado em 07/05/2013 18h00

É uma vitória do Brasil, diz Patriota sobre escolha de Azevêdo para OMC

É a primeira vez que um brasileiro assume o comando do órgão.
Ministro das Relações Exteriores comentou a escolha.

Fábio AmatoDo G1, em Brasília

O ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, afirmou nesta terça-feira (7) que a escolha do brasileiro Roberto Azevêdo para o comando da OMC é "uma vitória do Brasil".

Segundo o ministro, Azevêdo "é um diplomata que se especializou em comércio internacional, com qualidades muito apropriadas para desenvolver uma carreira na OMC". Patriota elogiou a capacidade de diálogo de Roberto Azevêdo, e parabenizou a presidente Dilma Rousseff por tê-lo indicado à diretoria-geral do órgão.

Patriota afirmou que a eleição de Azevedo “reflete uma ordem internacional em transformação”, em que os países em desenvolvimento também são protagonistas das principais decisões internacionais.

“É sem dúvida nenhuma um resultado importante que reflete uma ordem internacional em transformação, em que países emergentes demonstram capacidade de liderança, uma liderança que, no caso do Roberto Azevedo, se apoia muito no mundo em desenvolvimento mas não deixa de obter reconhecimento entre representantes do mundo desenvolvido”, disse ele.

Vitória 'inequívoca'
O ministro não soube informar a diferença de votos entre Azevêdo e seu adversário mexicano, mas apontou que a vitória do brasileiro foi “inequívoca em termos numéricos.” De acordo com ele, Azevêdo venceu as três rodadas de consulta feitas entre os membros da OMC.

Patriota destacou a “distribuição geográfica” do apoio recebido por Azevêdo, que teve votos de países de todas as partes do mundo, e apontou que a experiência do embaixador brasileiro na OMC foi decisiva para a sua vitória.

“Um dos aspectos que eu acho que influenciou o apoio de vários países à candidatura do brasil foi o sentimento de que ele não precisava ser treinado para ocupar o cargo, que ele já entraria no jogo tendo se esquentado no banco da reserva e podendo chutar ao gol”, disse.

Patriota disse que uma das principais missões de Azevêdo vai ser retomar as negociações em torno da rodada Doha, de liberalização do comércio internacional. De acordo com ele, já há um esforço para “ressuscitar a rodada Doha” a partir de uma reunião que acontece em Bali, no fim de 2013.

Ele apontou ainda que “não há razão para se nutrir ressentimentos” contra países que apoiaram a candidatura mexicana, em especial os países desenvolvidos que, segundo o ministro não demostraram oposição à eleição de Azevêdo.

“Mesmo aqueles que terão escolhido o candidato mexicano deixaram claro que não se opunham à formação do consenso em torno do candidato não-preferido. Essa postura, que eu entendo tenha sido manifestada por países desenvolvidos, importantes atores na OMC, levou a esse desenlace”, disse Patriota.

Protecionismo
Questionado sobre as acusações de protecionismo contra o governo brasileiro e se elas em algum momento atrapalharam a candidatura de Azevêdo à direção-geral da OMC, Patriota afirmou que não há na organização questionamento contra as condutas comerciais do país. De acordo com ele, o Brasil sempre trabalhou dentro das regras internacionais.

“O Brasil é um país extremamente cioso de suas obrigações internacionais e extremamente respeitoso das regras da OMC”, disse Patriota. “Não fosse o respeito que a atitude do Brasil desperta nos representantes da OMC, não teríamos um brasileiro sendo eleito num mandato pleno”, completou ele.

Construção da vitória
Patriota disse que a eleição de Azevêdo começou a ser construída durante a gestão de seu antecessor, o hoje ministro da Defesa, Celso Amorim. Ele apontou que o Brasil “acumula prestígio” na OMC e vem desenvolvendo ao longo dos anos uma “imagem de seriedade e credibilidade.”

O ministro ainda disse que houve mobilização “de toda a máquina de nossa diplomacia” para conquistar apoio de outros países à candidatura de Azevêdo.

Comando
Azevêdo será o próximo diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMCx), o órgão máximo do comércio internacional, a partir de setembro, segundo o Itamaraty. O anúncio é informal; a confirmação oficial será feita pela OMC na quarta-feira (8).

É a primeira vez que um brasileiro assume o comando do órgão, e a segunda tentativa. Em 2005, quando Pascal Lamy foi eleito, o Brasil lançou Luiz Felipe de Seixas Corrêa para o posto. Desde sua fundação, em 1995, nunca um brasileiro ocupou a presidência da OMC, responsável por conduzir as rodadas que visam à liberalização do comércio mundial.

Um dos grandes desafios do novo chefe da OMC será reativar as negociações da Rodada Doha para liberalizar o comércio mundial, em ponto morto há anos.

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