Economia

Fitch prevê mais cortes que elevações de ratings de companhias brasileiras

De 108 empresas analisadas, 16% apresentam perspectiva negativa

RIO - A agência de classificação de risco Fitch afirmou nesta quarta-feira que os rebaixamentos de ratings de empresas brasileiras serão mais frequentes em 2014 que as elevações, devido às fracas condições econômicas globais e do país.

De acordo com o relatório "Empresas Brasileiras: Cautela é Necessária", desde o início deste ano, os rebaixamentos já superaram as elevações de ratings em 1,2 vez. Das 108 empresas brasileiras analisadas pela agência, 16% apresentam perspectiva de rating negativa, frente a 6% com perspectiva positiva.

"Com o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 1,5% no segundo trimestre, aumentam as incertezas sobre a capacidade de a economia brasileira se expandir mais rapidamente, após o Banco Central ter elevado as taxas de juros quatro vezes recentemente", disse Debora Jalles, diretora de finanças corporativas da Fitch Ratings Brasil, no relatório.

Segundo ela, embora as medidas possam atenuar a alta inflação e sustentar o real, atualmente desvalorizado, podem também reduzir ainda mais a demanda do consumidor, pressionando as margens operacionais e a rentabilidade das companhias.

A agência lembra que, em 31 de dezembro de 2012, o índice médio de alavancagem total ajustada das empresas brasileiras era de 4,2 vezes, enquanto o índice médio de alavancagem líquida, de 2,9 vezes. Em 2008, estes indicadores eram de 2,9 e de 2,2 vezes, respectivamente.

Segundo a Fitch, o fluxo de caixa livre negativo também se elevou significativamente nos últimos dois anos, devido ao grande volume de investimentos, que não deverão se reduzir no futuro.

"Com a maior parte das empresas pagando dividendos mínimos, apenas algumas podem aumentar a liquidez diminuindo o fluxo de pagamento de dividendos", afirmou a agência.

A Fitch afirmou que o risco de inadimplência é pequeno, apesar da fraqueza nos mercados de capitais. A agência não prevê para os próximos 12 meses índices de calote semelhantes aos reportados em 2008, tendo em vista a baixa exposição a instrumentos derivativos e os saldos de caixa relativamente altos nos setores de maior risco.

No entanto, a agência afirma que os setores de aviação, de açúcar e álcool e de proteínas estão entre os que oferecem maior risco.