07/05/2013 14h01 - Atualizado em 07/05/2013 14h01

Saiba quem é o brasileiro que irá comandar a OMC

Roberto Azevêdo substituirá Pascal Lamy como diretor-geral do órgão.
Diplomata de carreira, brasileiro ocupará posto-chave no comércio global.

Do G1, em São Paulo

Embaixador Roberto Azevêdo, escolhido para a direção-geral da OMC (Foto: Gustavo Ferreira / MRE)Embaixador Roberto Azevêdo, escolhido para a direção-geral da OMC (Foto: Gustavo Ferreira / MRE)

Roberto Azevêdo, escolhido para o cargo de diretor-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), será o primeiro brasileiro e o primeiro latino-americano à frente do órgão que é responsável por supervisionar as trocas comerciais em todo o globo e que é, junto com ONU (Organização das Nações Unidas), FMI (Fundo Monetário Internacional) e Banco Mundial, um dos principais organismos da política internacional.

Diplomata de carreira, Azevêdo tem vasta experiência em comércio global e conhece a OMC a fundo. Desde 2008, ele é o representante permanente do Brasil na organização e esteve à frente do contencioso vencido pelo Brasil contra os Estados Unidos pelos subsídios do algodão e da vitória brasileira sobre a União Europeia pelos subsídios à exportação de açúcar.

Azevêdo substituirá o francês Pascal Lamy na direção-geral do órgão e terá um mandato de quatro anos. Lamy, no cargo desde 2005, termina o mandato em setembro.

O novo diretor da OMC foi escolhido mediante consulta aos 159 países membros. Nove candidatos se apresentaram para suceder Lamy. No fim de abril, a OMC comunicou que tinham passado à fase final apenas Azevêdo e o mexicano Hermínio Blanco.

Perfil de conciliador
O novo diretor-geral da OMC tem vasta experiência em conflitos comerciais e ganhou reputação de hábil negociador e conciliador. Ele participou de quase todas as conferências ministeriais desde o lançamento, em 2001, das negociações de Doha sobre a liberalização do comércio mundial.

Com 55 anos de idade e três décadas de diplomacia, Azevêdo nasceu em Salvador e é formado em Engenharia Elétrica pela Universidade de Brasília (UNB).

O diplomata começou a carreira no Itamaraty em 1983 e participou em 2001 da criação da Coordenadoria geral de contenciosos do Ministério das Relações Exteriores, que dirigiu por quatro anos. Em 2005, ele se tornou o chefe do departamento econômico do ministério e, de 2006 a 2008, foi sub-secretário geral de assuntos econômicos.

Um dos grandes desafios do novo chefe da OMC será reativar as negociações da Rodada Doha para liberalizar o comércio mundial, em ponto morto há anos.

Vitória do governo Dilma
A escolha de Azevêdo para substituir o francês Pascal Lamy no comando da OMC representa também uma vitória do governo brasileiro.

Durante a campanha, o brasileiro visitou mais de 60 países. Um website foi lançado para promover sua candidatura. A presidente Dilma Rousseff participou das negociaçoes, dando telefonemas e conversando com os líderes mundiais.

Embora a vitória do Brasil seja mais simbólica, uma vez que o papel de Azevêdo será zelar pelos interesses da OMC e não os do país, a expectativa do Itamaraty é de que a conquista do cargo ajude a dar mais visibilidade a temas que interessam ao Brasil e a projetar o país no cenário internacional.

Em nota divulgada em dezembro, na ocasião do lançamento do nome do diplomata, o Itamaraty destacou que "a candidatura brasileira representa a importância atribuída pelo país ao fortalecimento da OMC e procura contribuir para o progresso institucional da Organização e para o desenvolvimento econômico e social mundial".

O Itamaraty também chamou a atenção para a Rodada de Doha, em que o Brasil negocia para derrubar subsídios agrícolas em países desenvolvidos como forma de dar mais competitividade às mercadorias do país.

Criticado por causa de medidas consideradas protecionistas, o Brasil é hoje um defensor dos direitos dos países em desenvolvimento frente aos Estados Unidos e a UE, liderando ao lado da Índia o G20, grupo dos países em desenvolvimento.

OMC vive impasse
Criada nos anos 90 com o objetivo de agilizar as trocas globais de bens e serviço, a OMC vive atualmente um impasse nas negociações multilaterais.

Para países em desenvolvimento, o que estancou o debate na Rodada de Doha - a negociação entre seus 159 países de um pacote de novas regras de liberalização e facilitação do comércio- foi a recusa dos EUA e Europa de discutir os subsídios a seus setores agrícolas. Europeus e americanos, porém, também criticam a resistência de outros países em ceder em questões como liberalização dos setor de serviços, proteções à propriedade intelectual e a concessão de preferência a produtos nacionais nas compras governamentais.

Em entrevista à BBC, Azevêdo afirmou que o o sistema multilateral de comércio regulado pela OMC enfrenta um momento crítico, correndo o risco de perder sua legitimidade e até relevância se não se modernizar (Leia aqui a entrevista completa).

"A prioridade, portanto, é recolocar o sistema multilateral no bom caminho, no caminho da relevância, onde os membros encontrem nele um foro negociador, que é a única maneira de você fazer com que as regras da OMC se atualizem, é negociando", afirmou.

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