José Leite é produtor rural e tem mais de 40 hectares no município de Alagoa, no sul de Minas Gerais. Em 2010 ele assinou um contrato com o Instituto Estadual de Florestas para receber o benefício Bolsa Verde durante cinco anos, mas o valor só foi pago uma vez, em 2011. “Eu espero que paguem ou cancelem o contrato”, reclama.
O Bolsa Verde é concedido a produtores rurais que preservam a vegetação de origem nativa das propriedades. Para receber o benefício, eles têm que cuidar das terras e não usá-las para nenhum tipo de produção.
Tem prioridade no recebimento do benefício agricultores familiares, pequenos produtores rurais e quem tem propriedade rural em unidades de conservação ambiental. O valor é de R$ 200 por hectare e deveria ser pago anualmente.
Deise de Barros herdou do pai em 2009 mais de 30 hectares de terra e deveria receber mais de R$ 6 mil por ano do Bolsa Verde, mas até agora, só recebeu o pagamento referente a 2011. “As nossas terras estão fechadas, sem poder produzir, estamos no prejuízo”, diz.
Antônio da Fonseca se sente ainda mais prejudicado. O produtor tem 147 hectares de terra protegidos, o que equivale a R$ 29,4 mil de benefício, por ano. Ele recebeu em 2011 apenas a metade do valor que tem direito e depois, nenhuma outra parcela foi paga.
O chefe do Instituto Estadual de Florestas do sul de Minas Gerais, Paulo de Lauro, reconhece que o repasse do benefício está atrasado. Ele explica que isso está acontecendo porque o IEF está revisando cerca de 2,7 mil cadastros em todo o estado e que os pagamentos serão retomados em breve.
De acordo com a assessoria de comunicação da Secretaria de Meio Ambiente de Minas, a adesão ao programa é voluntária e as áreas inscritas são de reserva legal ou de preservação permanente, que portanto, já têm restrição legal para utilização econômica.