Depois
de muita expectativa, Arrascaeta finalmente estreou com a camisa do
Cruzeiro. Com jeito tímido, uniforme largo e muita técnica, o uruguaio foi um
dos destaques do time celeste na vitória por 3 a 1 sobre o Guarani-MG. Correu, driblou, acertou muitos passes, correu mais, finalizou, fez careta, roubou bolas, arriscou e, no fim, cansou. Teve um bom primeiro tempo e foi participativo, mas não com o mesmo destaque na etapa complementar. Acabou coberto de elogios por Marcelo Oliveira que, no entanto, promete cobrar mais empenho na marcação.
Útil ao Cruzeiro, Arrascaeta foi caçado em campo pelos rivais. Foi disparado o jogador que mais sofreu faltas no jogo:
nove no total, mais da metade das que foram sofridas pelo Cruzeiro. O uruguaio
também foi o jogador que mais finalizou na partida: quatro vezes – três de dentro da área
e uma de longa distância. O camisa 10 acertou 80% dos passes e roubou duas
bolas importantes que resultaram em boas chances de gol.
Com
apenas 20 anos, Arrascaeta mostra que a timidez não é só no jeito de caminhar,
mas também na hora de dar entrevistas. De poucas palavras, o uruguaio evitou
falar do desempenho pessoal e enalteceu a vitória do Cruzeiro.
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Estou muito contente com o retrospecto da equipe e mais ainda porque estreei
com a vitória do time. A equipe está muito bem e temos que seguir lutando - resumiu.
Se
o jogador não quis falar muito, Marcelo Oliveira não poupou elogios. O
treinador do Cruzeiro gostou muito das características ofensivas do uruguaio,
mas alertou que vai cobrar do jogador marcação sobre os volantes adversários.
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O De Arrascaeta é um jogador inteligente, que coloca os companheiros em
condições de fazer o gol. Tem bom passe e boa velocidade. Bate bem a bola
parada. Vou cobrar dele a recomposição no volante. Acho que o número 8 deles
jogou solto em determinado momento do jogo, mas isto porque ele cansou, já que
ainda está sem o ritmo ideal de jogo. A atuação do De Arrascaeta foi muito boa -
concluiu o treinador do Cruzeiro.
Antes
do jogo
O
protagonismo começou antes do jogo. Desde o início da temporada,
Willian vinha utilizando a camisa 10. Na estreia do uruguaio, o homem do bigode
perdeu o número emblemático e passou a atuar com o 11 às costas.
Concentrado, Arrascaeta entrou em campo. Sozinho, enquanto os outros companheiros de equipe
estavam cercados por crianças cruzeirenses. Caminhou solitário do
vestiário até o centro do gramado. Talvez por não ser um rosto tão conhecido
dos pequenos fãs. Saudou os torcedores do Cruzeiro que compareceram à Arena do
Calçado.
Ele não
conseguiu esconder o nervosismo da estreia. Uma estalada no pescoço. Outra nos
dedos, além de uma ajeitada no uniforme que o jogador usava
pela primeira vez. Depois uma careta. Seria para assustar os adversários? A resposta viria
com a bola nos pés.
Primeiro tempo
Logo
aos dois minutos, o uruguaio mostrou seu cartão de visitas. Recebeu em
velocidade de Leandro Damião, driblou o goleiro George e, quase sem ângulo,
tocou para o zagueiro tirar quase sobre a linha. O jogador não teve tempo para lamentar. Já pegou a bola e
correu para cobrar o escanteio. O meia assumiu o protagonismo das bolas paradas
do Cruzeiro.
Mostrou
uma qualidade surpreendente. Além do talento técnico, Arrascaeta se dedicou na marcação, mesmo não agradando plenamente ao treinador. Desarmou, roubou bola, deu o bote mesmo caído no chão e
sofreu muitas faltas. Em um dos desarmes, arrancou por toda a intermediária do
Guarani-MG e deixou Damião em ótimas condições para marcar. O centroavante
chutou em cima do goleiro.
Aos
26 minutos, tabelou com Willian pela ponta esquerda e chutou por
cima do gol de George. Deu uma sumida durante alguns minutos, mas no fim do
primeiro tempo voltou a aparecer com um lindo lançamento para Marquinhos. Depois, o
uruguaio mostrou estar ligado no jogo e roubou uma bola na entrada da área do
Bugre, matou no peito e tocou para Henrique. O volante pegou de primeira
e quase marcou.
Segundo tempo
O uruguaio foi um pouco mais discreto depois do intervalo.
Mas ainda se movimentou bastante. Aparentando cansaço, fez em alguns momentos a função que exercia Ricardo Goulart, se
aproximando do centroavante. No gol marcado por Damião, o baixinho Arrascaeta, de pouco mais de 1,70m, pulou, dividiu e atrapalhou o grandalhão
Thiago Papel. Na sobra, o centroavante abriu o placar.
Depois disso ele caiu
pela ponta direita. Após alguns minutos, inverteu.
Mostrou que é um jogador que não foge das divididas. Foi o que mais
sofreu faltas durante o jogo. Algumas delas duras. No terceiro gol do Cruzeiro,
no finalzinho da partida, o uruguaio tentou, se posicionou, mas foi Damião que empurrou
para as redes. Desta vez ele não participou da comemoração. Não por falta de ânimo, mas por cansaço. Enquanto os companheiros comemoravam, Arrascaeta
colocou as mãos no joelho, como quem diz: “Por hoje
chega".