A Organização Mundial do Comércio (OMC) anunciou oficialmente nesta quarta-feira (8) a escolha do brasileiro Roberto Azevêdo para dirigir a organização a partir de 1º de setembro por um período de quatro anos. A nomeação formal do embaixador será feita na próxima semana em uma reunião do Conselho Plenário dos 159 países-membros da OMC.
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Azevêdo, cuja eleição foi anunciada na terça-feira (7) pelo Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty), substituirá o francês Pascal Lamy, que está no cargo desde 2005.
A disputa final ficou entre o brasileiro, que contou com o apoio dos países emergentes e em desenvolvimento, e o mexicano Hermínio Blanco, visto como candidato dos países ricos.
Em comunicado divulgado nesta quarta-feira, a OMC afirma que os responsáveis da delegação para a escolha do novo diretor se reuniram nesta manhã e recomendam Azevêdo para a aprovação final dos países-membros. A reunião do Conselho está marcada para o dia 14 de maio.
De acordo com a OMC, a escolha de Azevêdo leva em conta dois fatores: o candidato foi o que teve o maior apoio dos membros na rodada final, o que ocorreu também de forma consistente em cada uma das rodadas; ele contou com o apoio de membros de todos os níveis de desenvolvimento e de todas as regiões geográficas, tendo feito isso ao longo do processo de escolha.
Escolha
Nove candidatos se apresentaram para suceder o francês Pascal Lamy. Saíram da disputa, na primeira fase da seleção, os quatro candidatos que conseguiram menor apoio por parte da consulta feita com os 159 países-membros da OMC: Alan John Kyerematen (Gana), Anabel González (Costa Rica), Amina Mohamed (Quênia) e Ahmad Thougan Hindawi (Jordânia). Na segunda fase, deixaram a disputa o neozelandês Tim Groser, o sul-coreano Taeho Bark e a indonésia Mari Pangetsu.
É a segunda vez que o Brasil tenta emplacar no comando do órgão. Em 2005, quando Pascal Lamy foi eleito, o Brasil lançou Luiz Felipe de Seixas Corrêa para o posto. Desde sua fundação, em 1995, nunca um brasileiro ocupou a presidência da OMC, responsável por conduzir as rodadas que visam à liberalização do comércio mundial.
Um dos grandes desafios do novo chefe da OMC será reativar as negociações da Rodada Doha para liberalizar o comércio mundial, em ponto morto há anos.
Nome | Roberto Carvalho de Azevêdo |
Idade | 55 anos |
Local de nascimento | Salvador (BA) |
Formação | Engenheiro civil |
Estado civil | Casado |
Principais cargos | Chefe do Departamento Econômicodo MRE Subsecretário geral de assuntos econômicos, financeiros e tecnológicos do MRE Desde 2008, é representante permanente do Brasil junto à OMC em Genebra |
Currículo do brasileiro
Azevêdo é diplomata de carreira, tem 55 anos e está no Itamaraty desde 1983.
Em nota divulgada em dezembro, na ocasião do lançamento do nome do diplomata, o Itamaraty destacou que "a candidatura brasileira representa a importância atribuída pelo país ao fortalecimento da OMC e procura contribuir para o progresso institucional da Organização e para o desenvolvimento econômico e social mundial".
O Itamaraty também chamou a atenção para a Rodada de Doha, em que o Brasil negocia para derrubar subsídios agrícolas em países desenvolvidos como forma de dar mais competitividade às mercadorias do país.
No comunicado, o ministério mencionou como objetivos da OMC a "melhoria dos padrões de vida, à garantia do pleno emprego e da renda, à expansão da produção e do comércio de bens e serviços, bem como ao uso dos recursos disponíveis em conformidade com o desenvolvimento sustentável".
A nota também lista as qualificações de Azevêdo para o cargo. Desde 2008, ele é o representante do Brasil no órgão e atua como "negociador-chave". Antes, ocupou diversos cargos relacionados a assuntos econômicos no Ministério das Relações Exteriores, tendo atuado em contenciosos como os casos de Subsídios ao Algodão (iniciado pelo Brasil contra os Estados Unidos), Subsídios à Exportação de Açúcar (iniciado pelo Brasil contra as Comunidades Europeias) e Medidas que Afetam a Importação de Pneus Reformados (litígio iniciado pelas Comunidades Europeias), além de chefiar a delegação brasileira na Rodada Doha.