21/08/2013 14h00 - Atualizado em 22/08/2013 01h15

Criação de empregos formais tem pior mês de julho em dez anos

No mês passado, abertura de vagas com carteira assinada somou 41.463.
De janeiro a julho, abertura de vagas formais caiu 33,5%, para 907 mil.

Alexandro MartelloDo G1, em Brasília

A criação de empregos com carteira assinada no Brasil perdeu fôlego no mês passado. Segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) divulgadas nesta quarta-feira (21) pelo Ministério do Trabalho, foram criadas, no mês passado, 41.463 novas vagas formais – uma queda de 70,9% em relação ao mesmo mês de 2012, quando foram criadas 142.496 vagas.

De acordo com dados oficiais, o resultado do mês passado é o pior registrado para meses de julho desde 2003 – quando a abertura de vagas formais somou 37.233.

"É a nossa realidade. Não é o número que eu gostaria que fosse, mas ainda está crescendo o emprego. Se o PIB vai crescer de 2% a 3% neste ano, não podemos gerar empregos como uma economia que crescesse, por exemplo, 6%. Estamos vivendo uma crise mundial. Os números da zona do Euro são catastróficos e não tem perspectiva de crescimento. Eu não acho negativo [o resultado]. O mundo inteiro está registrando demissões. Vamos torcer que melhore [em agosto]", afirmou o ministro do Trabalho, Manoel Dias.

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Criação de empregos formais tem pior mês de julho em dez anos (Foto: Editoria de Arte/G1)

Parcial do ano
No acumulado dos sete primeiros meses deste ano, ainda de acordo com informações do Ministério do Trabalho, foram abertas 907.214 empregos com carteira assinada, informou o governo.

Isso representa uma queda de 33,5% frente ao mesmo período do ano passado, quando foram abertas 1,36 milhão de vagas. É o pior resultado para o período desde 2009, quando foram criados 397.936 empregos com carteira assinada.

Os números de criação de empregos formais do acumulado deste ano, e de igual período dos últimos anos, foram ajustados para incorporar as informações enviadas pelas empresas fora do prazo (até o mês de junho). Os dados de julho ainda são considerados sem ajuste.

Crise financeira
A queda na criação de empregos formais em julho e nos sete primeiros meses deste ano acontece em um momento no qual a crise financeira internacional ainda tem mostrado efeitos na Europa, ao mesmo tempo em que a China tem registrado expansão inferior aos últimos anos. Nos Estados Unidos, há sinais de uma pequena aceleração da economia.

No Brasil, por sua vez, o governo adotou uma série de medidas para tentar estimular a economia no ano passado, com reflexos em 2013, como, por exemplo, a desoneração da folha de pagamentos, a redução do IOF para empréstimos de pessoas físicas e a desoneração da linha branca e dos automóveis – entre outros.

Entretanto, já teve de reverter algumas medidas – como a queda de juros que prevaleceu em 2012 – para combater a inflação. Neste ano, os juros já subiram em três oportunidades, para 8,5% ao ano. Além disso, a retirada de estímulos ao crescimento nos EUA tem gerado aumento do dólar no Brasil, que também tem tido dificuldade em angariar a confiança dos investidores.

Setores da economia
Segundo o Ministério do Trabalho, o setor de serviços liderou a criação de empregos formais nos sete primeiros meses deste ano, com 384.190 postos abertos (contra 692 mil no mesmo período do ano passado), ao mesmo tempo em que a indústria de transformação foi responsável pela contratação de 198.332 trabalhadores com carteira assinada no mesmo período. De janeiro a julho do ano passado, a indústria abriu 91 mil vagas.

A construção civil, por sua vez, regsitrou a abertura 146.638 trabalhadores com carteira assinada de janeiro a julho, contra 156 mil vagas no mesmo período de 2012. Já o setor agrícola gerou 139.350 empregos nos sete primeiros meses deste ano (+6,3 mil no mesmo período de 2012), enquanto o comércio fechou 3,3 mil vagas formais de janeiro a julho de 2013 (contra 399 mil vagas abertas nos sete primeiros meses de 2012).

Distribuição geográfica dos empregos
Por regiões do país, ainda de acordo com o Ministério do Trabalho, o destaque ficou por conta do Sudeste, com 508 mil postos formais abertos nos sete primeiros meses de 2013. Em segundo lugar, aparece a região Sul, com a abertura de 229 mil vagas com carteira. A região Centro-Oeste, por sua vez, abriu 143 mil postos de trabalho. Já a regiões Norte criou 33 mil vagas formais no primeiro semestre deste ano, enquanto que o Nordeste fechou 8,6 mil empregos com carteira assinada no mesmo período.

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