RIO - Os 32 volumes entregues pelo Sindicato das Empresas (Rio Ônibus), na última quinta-feira, à CPI da Câmara dos Vereadores que investiga o sistema ainda não desvendam a caixa-preta sobre a movimentação financeira do setor. Pelo menos 24 volumes nada têm a ver com a licitação realizada pela prefeitura: são cópias de editais de concorrências realizadas em outras grandes cidades que, a exemplo do Rio, permitiram que as empresas se organizassem em consórcios para participar da disputa. Os oito volumes restantes também vieram sem a “chave” para abrir a caixa-preta. Os documentos trazem relatórios genéricos sobre receitas e despesas de cada consórcio desde 2010 — boa parte dessas informações já havia sido divulgada pela prefeitura.
Por conta disso, o presidente da CPI, Chiquinho Brazão (PMDB), vai propor à comissão que aprove um pedido para que as empresas apresentem uma série de documentos, como balanços; gastos com os principais fornecedores; receitas obtidas com a exposição de publicidade em ônibus; entre outros itens. O relator, professor Uoston (PMDB), antecipou que apoiará o pedido: para a solicitação ser aprovada, são necessários três votos favoráveis.
Empresas: consórcio é usual
Alguns detalhes chamam a atenção: numa lista, o BRT Transoeste aparece como uma empresa, quando na verdade é um consórcio que apenas opera o serviço no corredor exclusivo de coletivos. O Rio Ônibus disse que entregou dados sobre outras licitações para mostrar que a organização em consórcios é comum. E que os documentos foram entregues de forma voluntária e não por exigência da CPI.
Nesta segunda-feira, manifestantes voltaram a protestar contra a composição da CPI dos Ônibus. Túmulos de políticos, entre eles Chiquinho Brazão, foram desenhados na Cinelândia.