Economia

ANP aumenta em 40% a previsão de produção de Libra; Exército fará segurança do leilão

Leilão, que ocorre na segunda-feira, terá esquema reforçado e não deve contar com a presença de Dilma Rousseff
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RIO -  A quatro dias do leilão de Libra, no pré-sal da Bacia de Santos, a Agência Nacional do Petróleo (ANP) elevou em 40% a expectativa de produção do megacampo de petróleo. Magda Chambriard, diretora geral da agência, disse que Libra deve produzir em seu auge 1,4 milhão de barris de petróleo por dia. A marca seria alcançada quinze anos após a assinatura do contrato. Anteriormente, a projeção oficial era de um milhão de barris diários. Especialistas do setor, no entanto, criticaram a estimativa às vésperas do evento. O secretário de Petróleo e Gás Natural do Ministério de Minas e Energia (MME), Marco Antônio Almeida, disse esperar a formação de pelo menos um consórcio no certame, podendo chegar a quatro.

- Eu gosto de ser conservadora. (A produção vai ser) Entre um milhão e 1,4 milhão (de barris por dia). Isso depende muito da velocidade de desenvolvimento da área. Mas é possível sim produzir mais de um milhão de barris. Quinze anos após a assinatura do contrato, a gente deve estar a plena carga - afirmou Magda, após a solenidade que empossou Waldyr Barroso como novo diretor da ANP.

Especialistas voltaram a criticar o “otimismo exagerado”. O consultor Wagner Freire, ex-diretor da Petrobras, disse que as expectativas fazem parte da política do governo de mostrar que Libra é “um grande negócio”. Segundo ele, a estimativa de que a área tenha um volume recuperável entre 8 e 12 bilhões de barris é incerta:

- Foram apenas dois poços perfurados, sendo que um foi abandonado. É difícil ter uma estimativa dessas sem ter muitos poços. Só no futuro vamos saber a verdade.

O diretor do Instituto de Eletrotécnica e Energia da USP e ex-diretor da Petrobras, Ildo Sauer, disse que elevar a projeção em 400 mil barris significa US$ 400 milhões a mais por dia.

- Como a ANP vai leiloar uma área com uma previsão mais otimista? É preciso ter informações mais estudadas - afirmou Sauer.

Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), também diz que não se pode afirmar qual será a produção. Segundo ele, o governo parece estar preocupado com um possível fracasso no leilão:

- Como a expectativa de produção cresceu de um milhão de barris por dia para 1,4 milhão? Primeiro, foi a ausência de grande grandes empresas no leilão. Depois, das 11 companhias habilitadas, duas não depositaram garantias financeiras. Além disso, a estimativa entre oito e 12 bilhões de barris é uma diferença grande. São declarações de quem está preocupado. Isso tudo mostra que temos de fazer uma reflexão sobre o regime de partilha, o fato de a Petrobras ser operadora única e a PPSA ter poder de veto nas decisões sobre investimentos.

Nesta quinta-feira, Marco Antônio Almeida, secretário do Ministério de Minas e Energia que foi nomeado presidente do Conselho de Administração da PPSA, disse que a estatal será constituída na próxima semana. Segundo ele, será feita uma assembleia geral para nomear os diretores:

- O leilão será tranquilo para empresas e o governo. Pode ter de um a quatro consórcios.

Sem revelar os nomes, Magda ressaltou que as duas empresas que não depositaram as garantias poderão participar do leilão da área de Libra apenas em consórcio com as companhias que já fizeram o depósito.

Em relação ao uso do Exército e da Força Nacional para a segurança do leilão, a executiva disse que o evento tem de ser protegido. E que não há uma confirmação da presença da presidente Dilma Rousseff. Ela lembrou que a ANP está preparada para possíveis ações judiciais.

- Ainda há um grupo no Brasil, que hoje é pequeno, que tem o desejo monopolista. Temos que tomar as precauções em relação à segurança e ao aparato legal de proteção para que o leilão tenha sucesso.

Magda ressaltou que não recomendou ao governo um novo leilão do porte de Libra para o ano que vem. A diretora lembrou também que não deve sugerir qualquer leilão em 2014.

- A ANP não recomenda uma área gigante por ano. É por causa do investimento, do porte do negócio e de toda uma mobilização de recursos financeiros, humanos e até indisponíveis no mundo. Acho que vamos gastar 2014 estudando um pouco mais as áreas sedimentares. Pessoalmente, tem grande possibilidade de não recomendar um leilão para o ano que vem.