Economia

Banco Mundial monitora Fed e se diz preocupado com efeito das decisões em países emergentes

Banco Central dos EUA provocou agitação nos mercados financeiros desde que Bernanke anunciou que poderia, antes do final do ano, começar a desacelerar o ritmo em que cria dólares

LONDRES - O Banco Mundial está preocupado com os efeitos em países em desenvolvimento de uma desaceleração da criação de dinheiro nos Estados Unidos e irá agir para fornecer capital barato quando os custos de empréstimo subirem, afirmou o presidente da entidade, Jim Yong Kim, nesta quarta-feira.

O Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, provocou agitação nos mercados financeiros desde que seu chairman, Ben Bernanke, anunciou em 22 de maio que o Fed poderia, antes do final do ano, começar a desacelerar o ritmo em que cria dólares. Mercados emergentes, que recebem a maior parte desse dinheiro, têm aguentado o fardo dos temores dos investidores.

— Estamos constantemente observando quais são os efeitos dessas políticas monetárias não convencionais em países em desenvolvimento especialmente — disse Kim à Reuters em entrevista. — Se os Estados Unidos recuarem... e reduzirem seu 'quantitative easing' (compra de ativos), os custos de empréstimos vão subir e achamos que eles também vão subir para países em desenvolvimento. E essa é uma preocupação real.

O Fed realiza reunião de política monetária nesta quarta-feira. Analistas esperam que o banco mantenha abertas as opções em relação à redução neste ano, após alguns dados econômicos recentes mistos.Kim não espera uma saída de capitais dos mercados emergentes como a vista na crise financeira asiática do fim dos anos 1990. Ele também não espera que a política do Fed mude para ser "curta e rigorosa".

— Ben Bernanke... tem sido uma voz firme e clara sobre o que é necessário — disse Kim.

Mas ele admitiu que uma economia mundial repleta de dinheiro emitido pelos bancos centrais, e com o Japão agora embarcando em um programa de estímulo sem precedentes, está em "território desconhecido".

— Se o preço do capital começar a subir, então nós vamos ter que nos mexer para encontrar maneiras de criar novos instrumentos para tornar o capital disponível para a infraestrutura — afirmou Kim.

O banco está trabalhando em uma linha global de crédito para infraestrutura para tornar o capital disponível. Kim disse que os países de renda média estão preparados para investir, porque eles sabem que o envolvimento do Banco Mundial também vai "atrair" o capital privado.Kim disse que é notável como muitos países emergentes se recuperaram tão rapidamente da crise financeira global de 2007 a 2009.

Mas igualmente notável é que em uma época de taxas de juros ultrabaixas, esses países podem não ter acesso ao investimento viável de longo prazo.

— Eles estão dizendo que fizeram todas as coisas certas... Mas ainda não têm acesso ao capital, disse Kim.

No longo prazo, o Banco Mundial tem papel crucial em reduzir o risco dos projetos de infraestrutura, particularmente na África, para atrair os investidores privados de longo prazo.

— O investimento do setor privado irá se tornar uma parte muito importante de nossa estratégia.