Economia

Dólar avança a R$ 2,024 e fecha semana com alta de 0,70%

Bolsa fecha em queda de 0,61%, puxada por balanços corporativos mais fracos

RIO — O dólar comercial avançou 0,39% no pregão desta sexta-feira, cotado a R$ 2,022 na compra e R$ 2,024 na venda, acompanhando o desempenho dos mercados internacionais. A moeda americana apresentou assim uma valorização semanal de 0,70%, a maior desde a semana terminada em 19 de abril. O Ibovespa, índice de referência da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), terminou o pregão em baixa de 0,61%, aos 55.107 pontos, sob o peso das ações de empresas que anunciaram resultados abaixo do esperado no primeiro trimestre. O índice registrou uma baixa semanal de 0,69%, interrompendo uma sequência de duas semanas de valorização.

No mercado de câmbio, a disparada do dólar derrubou os preços das commodities. O iene fechou cotado a US$ 101 pela primeira vez em 4 anos, em movimento classificado por analistas de “guerra cambial”. O dólar também avançou ante o dólar canadense (0,50%) e o peso mexicano (1,17%).

Para analistas, o movimento refletiu o otimismo com o mercado de trabalho americano e a defesa feita ontem pelo executivo do Federal Reserve (Fed, banco central americano) de Filadélfia, Charles Plosser, de que o programa de afrouxamento monetário nos EUA poderia encerrado logo.

Para Sidnei Nehme, diretor da NGO Corretora, no entanto, o desempenho da moeda está ligado à ausência de entrada de dólares no Brasil. Ele lembra que o o fluxo cambial líquido em 2013 é menor US$ 22,5 bilhões em relação a 2012, apesar da melhor acentuada apresentada em abril.

— O fluxo é insuficiente. O Banco Central aparentemente vai dar um tempo antes de intervir no mercado, ver se o saldo melhora e tira pressão sobre o câmbio — afirma Nehme. — O BC terá que vender moeda ou reduzir o prazo pelo qual se paga IOF (Imposto sobre Operações Financeira) nos empréstimos, passando de um ano para 90 dias.

Os negócios foram influenciados ainda pelo discurso de Ben Bernanke, presidente do Federal Reserve (Fed, banco central americano), durante uma conferência patrocinada pelo Fed de Chicago. Ele lembrou que os empregos perdidos na recessão não foram completamente restaurados e que o sistema financeiro ainda sofre efeitos da crise.

— Nossa economia não recuperou completamente ainda os empregos perdidos na recessão que acompanhou o quase colapso financeiro — disse Bernanke. — E o nosso sistema financeiro, apesar da significativa recuperação nos últimos quatro anos, continua a lutar com a consequência economia, legal e reputação dos eventos de 2007 a 2009.

Em Wall Street, o Dow Jones, principal índice da Bolsa de Nova York, fechou em alta de 0,24%. O Nasdaq, termômetro do setor de tecnologia, ganhou 0,80%. O S&P 500 avançou 0,43%.

Na Europa, os investidores tiveram um dia de ganhos, após dados considerados positivos sobre a economia alemã. O FTSE 100, da Bolsa de Londres, fechou em alta de 0,49%. O CAC 40, da Bolsa de Paris, subiu 0,64%. O DAX, de Frankfurt, avançou 0,19%.

Nesta sexta-feira, a Agência Federal de Estatísticas da Alemanha divulgou que as exportações do país subiram 0,5% em fevereiro. Já as importações cresceram 0,8%. Os números seriam um sinal de que a maior economia da Europa está em recuperação.

Balanços corporativos marcam o pregão desta sexta-feira

Segundo Luis Gustavo Pereira, estrategista da Futura Corretora, a valorização do câmbio influencia os negócios na Bolsa. Investidores volta a se preocupar com o impacto da moeda mais cara sobre produtos importados e, consequentemente, sobre a inflação.

— O Banco Central não quer volatilidade na moeda, e é o que estamos vendo — avalia Pereira.

No mercado brasileiro, o pregão da Bolsa é marcado por uma enxurrada de balanços corporativos do primeiro trimestre.

As ações ordinárias (ON, com voto) da OGX Petróleo, de Eike Batista, tiveram queda de 1,21%, a R$ 1,63. O prejuízo líquido da petroleira cresceu de R$ 286 milhões para R$ 804,6 milhões, na comparação de janeiro a março do ano passado com o mesmo período deste ano. O caixa da empresa encolheu em em US$ 500 milhões em apenas três meses.

Já as ações preferenciais (PN, sem voto) das Lojas Americanas recuaram 0,28%, a R$ 17,35. O lucro líquido da varejista aumentou 40% no primeiro trimestre, frente ao mesmo período do ano passado, para R$ 57,5 milhões. Os dados também foram divulgados na noite de ontem.

Outra varejista a divulgar balanço foi a B2W Varejo. As ações ON tombram 7,65%, a R$ 10,86. O prejuízo da empresa somou R$ 61,1 milhões nos três primeiros meses do ano, maior do que as perdas de R$ 42,8 milhões de igual período de 2012. O resultado foi pior do que era esperado.

Os papéis ON da PDG Realty avançaram 3,63%, a R$ 2,28, após a empresa divulgar um prejuízo de R$ 74 milhões no primeiro trimestre, ante um lucro de R$ 32,5 milhões obtido no mesmo período de 2012. O resultado veio pior do que o esperado, segundo a Bloomberg News.

Fora do Ibovespa, as ações PNA da Suzano Papel e Celulose subiram 1,83%, a R$ 7,75. A empresa fechou o primeiro trimestre com lucro líquido de R$ 41,9 milhões, queda de 41,6% ante os R$ 71,8 milhões do mesmo período de 2012.

As ações ON da Raia Drogasil perdem 0,80%, cotadas a R$ 22,32. A rede de farmácias teve lucro líquido ajustado de R$ 26,5 milhões no primeiro trimestre deste ano, uma alta 7% sobre o resultado do mesmo período de 2012. Houve queda no ritmo de crescimento da empresa.