28/07/2013 08h30 - Atualizado em 28/07/2013 08h30

Criadores de SP conseguem manter a produção de leite na entressafra

Produtor consegue mesmo volume registrado na época da safra.
Em duas ordenhas diárias são retirados até 20 litros de leite por vaca.

Do Globo Rural

A época de frio causa redução na produção de leite, o que provoca uma alta no preço do alimento. Ganha mais o criador que consegue aproveitar a ocasião não deixando cair quantidade produzida pela vacada.

A máquina faz a colheita mesmo em dia frio e chuvoso porque a vacada não pode ficar sem alimento. A propriedade do produtor de leite Norberto Sebastiani, em Itapetininga, São Paulo, tem cinco hectares. Ele arrendou uma área para semear aveia, pastagem típica de inverno. Passados 60 dias de plantio junto com braquiária, a aveia está pronta para ir para o cocho. O volumoso é fornecido com a ração. Como choveu um pouco mais esse ano, até tem pasto, mas a quantidade não é suficiente para garantir a nutrição das 48 vacas em lactação.

“Essa pastagem tem capacidade de fornecer de cinco a seis quilos de massa verde por dia por animal. O animal precisa de 50 a 60 quilos para estar suprida a dieta em termos de volumoso durante o dia”, diz Sebastiani.

Dos 60 quilos de volumoso, 20 quilos são silalgem de milho. Mas a principal estratégia do produtor para não faltar alimento no inverno é guardar o capim que ele corta no verão, usando uma tecnologia chamada de pré-secado. A sobra do capim colhido vai para o galpão, onde é espalhada. Com um rastelão, é repassada de quatro a seis vezes por dia para desidratar. Em dois dias, está tudo pronto para ir para uma prensa, com força de 13 toneladas, que faz o armazenamento do produto em sacos plásticos feitos de material reciclável.

“Como é material úmido, eu não posso deixar exposto ao ambiente porque vai criar mofo. Então, quando a gente expulsa o ar, eu consigo armazenar por mais de um ano o produto dentro desta embalagem”, explica o Sebastiani.

O produtor consegue ver os resultados da estratégia no momento de retirada do leite. Com duas ordenhas diárias, a produção é de 18 a 20 litros de leite por vaca ao dia, mesmo volume registrado na época da safra. A produção alta faz Sebastiani aproveitar o bom momento da remuneração. O preço pago atualmente é de R$ 1,10. No mesmo período do ano passado, estavam sendo pagos R$ 0,90 pelo litro do leite.

A alta no preço tem a ver com a queda na oferta de leite. Por causa de problemas climáticos, os principais países produtores e exportadores do mundo, Nova Zelândia e Austrália, produziram menos e também houve problemas na América do Sul, como explica o diretor da Colaso.

“O Nordeste teve uma seca muito grande e você teve uma redução de produção de mais de 50%. Também houve alguns fatores externos. A Argentina com redução de produção de 10%, Uruguai com redução de produção de 6%. São os dois países que exportam para o Brasil. Com isso, a gente teve redução de importação de leite do Mercosul em torno de 20% a 25% menos do que relativa a 2012”, diz Antonio Julião Bezerra.

Apesar da redução de 20% nas importações, o Brasil gastou na compra de leite no primeiro semestre deste ano uma quantia igual ao do mesmo período do ano passado porque, de lá pra cá, o preço internacional do leite subiu 70%.

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