Economia

IPCA avança 0,03% em julho, e acumula alta de 6,27% em 12 meses

Segundo IBGE, o grupo Alimentação e Bebidas apresentou queda de 0,33% em julho, em sua primeira deflação desde julho de 2011

RIO - Com queda no preço de alimentos e transportes, a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), índice oficial no país, foi de 0,03% em julho. Foi a taxa mais baixa desde julho de 2010, quando ficou em 0,01%. No ano, a variação é de 3,18%, enquanto em doze meses a alta acumulada chega a 6,27%. O resultado veio dentro da expectativa dos analistas. Projeções reunidas pela agência Bloomberg variavam entre deflação de 0,13% e inflação de 0,20% no mês de julho.

Com o resultado de julho, o IPCA em doze meses volta a ficar dentro do limite da meta do governo, que é de 4,5% com margem de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Em junho, o avanço havia sido de 0,26% e o acumulado em 12 meses, de 6,70%.

O grupo Alimentação e Bebidas se manteve em processo de desaceleração e, após a taxa de 0,04% em junho, chegou a apresentar queda de 0,33% em julho, com impacto de –0,08 ponto percentual. Desde julho de 2011, cujo resultado foi de -0,34%, não ocorria deflação nos alimentos. Das 11 regiões pesquisadas, apenas Porto Alegre e Curitiba tiveram avanço nos preços dos alimentos.

— Na média, os preços para as famílias ficaram praticamente estáveis em julho. Praticamente alimentação e bebidas trouxeram o índice para muito perto de zero. As pessoas continuam pagando mais caro que no ano passado. De janeiro a julho, os alimentos acumulam alta de 5,67% no ano.Em doze meses, o aumento é de 11,42% — afirmou Eulina Nunes, gerente do índice de preços do IBGE.

Para Eulina, o resultado de julho ainda não evidencia o impacto da alta de dólar na inflação:

— O dólar não pode ser evidenciado como vilão na inflação de julho. Ele pode estar presente, mas não se vê a olho nu. Onde podemos observar alguma influência é no trigo, na farinha de trigo e no pão francês. Mas o trigo também tem outras influências.

Em junho, os alimentos já tinham dado uma trégua na inflação. A inflação pelo IPCA foi de 0,26% em junho, com alta de 3,15% nos cinco primeiros meses do ano e de 6,70% no acumulado em doze meses, ficando acima do teto da meta de inflação estabelecido pelo governo. Os alimentos subiram 0,04% em junho, ante 0,31% em maio.

Em julho, além dos alimentos, o grupo Transportes registrou deflação de 0,66%. É a maior queda desde junho de 2012. Alimentos tiveram peso de 26,65% no índice. Transportes, em seguida, aparecem com peso de 19,15%. Juntos, os dois têm peso de 43,80%, informou o IBGE. As tarifas de ônibus urbanos, após as manifestações que tomaram conta do Brasil no mês passado, ficaram 3,32% mais baratas. Das onze regiões pesquisadas, em sete delas ocorreu queda. Os artigos de vestuário também tiveram deflação, com recuo de 0,39%.

Item “empregado doméstico” tem alta de 1,45% em julho

Por outro lado, entre as despesas pessoais, o item “empregado doméstico” apresentou alta de 1,45%. Houve avanço também em recreação e cabeleireiro, com variação de 0,25% e 1,62%, respectivamente.

— Com a nova legislação, muitas pessoas valorizaram as próprias empregadas, e passaram a pagar mais. E as faxineiras também ficaram mais caro. Além disso, a oferta está reduzida — disse Eulina.

Avanço também em Habitação. Com alta de 0,57%, o grupo foi puxado por aluguel (0,83%) e taxa de água e esgoto (0,64%). Supresa também em energia elétrica. Mesmo com a redução de 31,4% em impostos, as contas de luz de Curitiba tiveram reajuste de 8,64%, que passou a valer a partir do dia nove de julho. Com isso, houve avanço, segundo o IPCA, de 3,59% na região, destacou o IBGE.

Além do IPCA, o IBGE apresentou, como de costume, os dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que mede o rendimento de famílias entre um e cinco salários mínimos. No mês passado, o INPC apresentou deflação de 0,13%, abaixo da alta de 0,28% de junho. Mesmo assim,o INPC acumula alta de 3,17% no ano. O número é maior que os 3% registrados no mesmo período de 2012. Por outro lado, o INPC acumulado nos últimos doze meses ficou em 6,38%, abaixo dos 6,97% dos doze meses imediatamente anteriores. Assim como no IPCA, os alimentos apresentaram deflação de 0,40% em julho.

— Alimentos e transportes pesam mais no orçamento das famílias de mais baixa renda e por isso o INPC teve deflação em julho — disse Eulina.